Líder das Farc alerta: "É preciso evitar os erros de Cagúan" 

O líder guerrilheiro e um dos fundadores das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Miguel Angel Pascuas, manifestou que nos diálogos de paz não poderão ser cometidos os mesmos erros que ocorreram em Cagúan (1998-2002).

Miguel Angel Pascuas

“Confiamos nos diálogos de Caguán e quando as conversas terminaram o inimigo, que havia se preparado para a guerra, investiu com muita força”, declarou em entrevista concedida para o site Rebelión. “É quando chega o chamado Plano Colômbia”, lembrou, “dirigido e planejado pelos gringos com o pretexto da guerra contra o narcotráfico, mas na realidade para acabar conosco”, pontuou.

Após afirmar que lutará pela tomada do poder até onde a saúde e a vida o permitam, destacou “queríamos que fosse por via política e por isso insistimos nos diálogos com o governo”.

“Tomara que possamos formar um partido político sem que nos matem, como fizeram com o Partido da União Patriótica”, opinou, recordando do genocídio em que “foram massacrados cerca de cinco mil companheiros”.

“Conheço bem o inimigo e seu amo, os Estados Unidos. Eles só querem nossa rendição de joelhos, mas não vão conseguir”, disse. “Estamos aqui para negociar outra Colômbia para as maiorias, não para nos render nem vender”, referendou. “Tomara que agora o governo seja sincero com suas intenções, desejo e podemos conseguir acordos que nos coloquem no caminho de um diálogo pela paz com justiça social.”

Há duas décadas e meia, Pascuas, que tem 72 anos, dirige a 6ª Frente das Farc e disse não sentir medo ao saber que é um dos homens mais perseguidos da guerrilha. “Uma semana antes de sair para a capital cubana e continuar a viagem para a Noruega, o Exército preparou um cerco para me capturar ou matar”, relatou.

“Foi no local onde deveria encontrar os representantes de Cuba e da Cruz Vermelha Internacional que me transladaria, quando o helicóptero foi chegando com eles tivemos todas as precauções, pois o Exército podia voltar a imitar os sinais da Cruz Vermelha, como fez para resgatar a Ingrid Betancourt, ainda que isso seja considerado um crime de guerra”, revelou.

“Ao voltar de Oslo o governo voltou a pedir nossa captura: tão somente em Cuba e Noruega não são efetivas. Isso é lógico? Isso é honesto diante dos países fiadores deste processo?”, questionou.

Pacuas afirma que quando escuta que os tratam de terroristas não o afeta, porque sabe que as Farc estão lutando por uma causa justa. “Temos uma parte importante da população ao nosso lado, sem ser combatentes. É impossível avançar na guerra revolucionária sem o trabalho político com a população, sem o domínio do terreno”, afirmou.

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Fonte: Prensa Latina