É preciso criar cultura de contenção de risco, diz especialista

Uma pesquisa inédita do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou a vulnerabilidade das cidades brasileiras aos desastres naturais: apenas 344 municípios possuem algum planejamento para redução de risco, o que representa pouco mais de 6% do total.

A região Sudeste tem uma tradição maior na prevenção de riscos, enquanto o Centro Oeste fica na dianteira. Ainda de acordo com o IBGE, 10% dos municípios declararam estar preparando planos de prevenção e 32,5% dos municípios realizando ações isoladas, como contenção de encostas e desassoreamento de rios.

Para o diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturas, Agostinho Ogura, os municípios com a maior ocorrência de catástrofes são exatamente os que estão desenvolvendo os planos de contenção de riscos.

No entanto, o especialista de gerenciamento de riscos, Gustavo Cunha Mello destaca a importância de 100% das cidades brasileiras possuírem os planos, inclusive os sem históricos de desastres.

“É obvio as cidades que não têm históricos terão investimentos baixos, mas isso não elimina a necessidade do plano. Se a gente se basear somente no histórico, corremos um sério risco. Por exemplo, o furacão Catarina em SC era inédito, não era esperada e não estava no histórico. No mesmo ano tivemos as chuvas em Alagoas, uma região onde historicamente tem seca”, ressalta Mello. O especialista também comentou que é essencial a cultura de gerenciamento de riscos ser absorvida pelos brasileiros.

Entre os principais desastres naturais que ocorrem no Brasil, 58% são inundações, 14% secas, 11% deslizamentos, 8% vendavais, 6% temperaturas extremas e 3% epidemias. Hoje, as duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, lidam com a possibilidade de catástrofes com medidas como radares meteorológicos, sistemas de telemetria que medem índice pluviométrico ou comportamento de encostas, além de rotinas de rotinas de alerta em que é possível acionar diferentes setores do poder públicos em pouco tempo.

Gustavo Cunha Mello ainda comentou que a frequência dos desastres está aumentando muito, assim como os danos causados, e citou as chuvas na região serrana do Rio, em janeiro de 2011, considerada a maior catástrofe que ocorreu no Brasil com vítimas fatais. “Essas chuvas custaram US$ 1 bilhão, dos quais apenas R$ 50 milhões tinham seguro”, diz.

Por sua vez, Ogura citou que além dos recursos financeiro para a elaboração de planos, é preciso conhecer a realidade de cada cidade. “O bom conhecimento dos cenários de risco faz com que você consiga ter uma formulação de boas propostas para redução de riscos e a otimização dos recursos”, afirma.

Fonte: G1