Paraguaios protestam contra despejo de comunidade indígena 

Uma comunidade indígena que vivia há 22 anos em um terreno foi retirada pela polícia, que usou suas armas para vencer a resistência dos nativos.

Canindeyú - Paraguai - AFP

O fato gerou forte protesto a mais de centenas de indígenas e vizinhos da zona que pertence ao departamento de Canindeyú, que fecharam a ponte do mesmo nome e a dificultaram o trânsito nas vias próximas.

A retirada dos lavradores foi solicitada por um latifundiário, que fez questão disso, apesar do longo espaço de tempo de residência dos indígenas, que tinham construído casas e até uma escola para seus filhos.

Os ocupantes, pertencentes à etnia Ava Guaraní, tentaram opor-se a evacuação, mas o importante dispositivo policial intimidou-os realizando disparos para o ar, de acordo com o relato do correspondente do jornal paraguaio ABC Color.

Posteriormente, depois de empurrar os indígenas para o caminho ao redor da propriedade, procedeu-se a queima de suas casas e da modesta escola construída por eles.

O chefe da polícia de Canindeyú, Atilio Ferreira, declarou à imprensa que as terras, onde durante mais de duas décadas estiveram as famílias agora expulsas, pertencem a "um produtor brasileiro" e a ordem de evacuação corresponde ao promotor da área, José Zarza.

Os nativos criticaram fortemente o governo e especialmente o Instituto do Indígena, cujos servidores públicos não fizeram ato de presença para intermediar no conflito e evitar que se cumprisse a ordem sem dar alguma solução aos afetados, entre eles muitas mulheres e crianças.

Canindeyú foi também, em junho, palco de outra sangrenta evacuação durante o qual morreram 11 camponeses e seis polícias, e mais de 70 pessoas ficaram feridas, fato destacado como detonante para conseguir a destituição do presidente constitucional, Fernando Lugo.

Fonte: Prensa Latina