Chuvas trazem ameaça de dengue

As grandes tempestades percebidas nesta segunda-feira no Distrito Federal alertam para um grave problema de saúde.

O risco está nas enxurradas e alagamentos que, além de causar estragos, acumulam água. As poças tornam-se criadouros e depósitos de larvas do mosquito aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue. A doença contamina de 50 a 100 milhões de pessoas no mundo a cada ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) demonstram que choveu na região o equivalente a 49% do previsto para todo o mês de novembro. A estimativa era de que o nível de chuva chegasse a 231 milímetros. Nos primeiros dias do mês, a quantidade de água ultrapassou 344 milímetros.

De acordo com o infectologista Dr. Henrique Marconi, do Hospital Santa Luzia, o vírus da dengue é infeccioso e tem maior incidência em áreas tropicais e subtropicais. As epidemias ocorrem, geralmente, no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos. Apesar da queda de 56% nos casos da doença no Distrito Federal, registrada pelo Ministério da Saúde, ela ainda é um dos principais problemas de saúde enfrentados.

A infecção pelo vírus se inicia de maneira súbita, podendo causar febre alta e dores de cabeça, atrás dos olhos e nas costas. Em alguns casos, nota-se também o aparecimento de manchas vermelhas no corpo e, mais raramente, hemorragias na boca, na urina ou no nariz. A febre dura cerca de cinco dias, com melhora progressiva dos sintomas em dez dias. “A forma mais preocupante da doença é a hemorrágica, que pode causar a morte”, ressalta Marconi. O especialista alerta para o risco de uma nova infecção. “A doença é de fácil prevenção, mas é preciso ter maiores cuidados em casos de reincidência, quando os pacientes são mais suscetíveis a forma hemorrágica”, explica o médico.

“A dengue causa a dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento da frequência cardíaca, o que pode ampliar a concentração do plasma, causando sangramento”, explica Marconi. Segundo o especialista, a dengue causa perda de líquido, o que pode levar a um colapso dos vasos sanguíneos. “No tratamento da dengue é essencial haver hidratação”, alerta. Já para prevenção, a melhor forma é combater o mosquito transmissor.

Em setembro, a Fiocruz, instituição vinculada ao Ministério da Saúde, apresentou um estudo feito em parceria com a Universidade de Monash (Austrália) mostrando o bloqueio da transmissão do vírus da dengue, pelo mosquito aedes aegypt, por meio da introdução da bactéria conhecida como Wolbachia. Esta bactéria intracelular está presente em 70% dos insetos no mundo, e, segundo os cientistas, não é capaz de contaminar vertebrados, incluindo humanos. Contudo, ela bloqueia a transmissão do vírus. A estimativa é de que em dez anos, a epidemia da dengue já esteja controlada no país.