Banco Central aponta que brasileiro gasta mais no exterior

Segundo os dados divulgados nesta quinta-feira (22), pelo Banco Central (BC), as despesas no exterior somaram US$ 2,08 bilhões em outubro. O valor representa novo recorde para o mês e é mais de 20% superior ao verificado em outubro de 2011.

"Os gastos ao longo do ano estavam mais moderados, principalmente a partir de julho, devido ao impacto do aumento do dólar. Agora, com uma taxa mais estabilizada, a programação dos brasileiros fica mais estável. Eles já sabem quanto vão gastar no exterior. Além disso, o aumento da renda permite uma maior despesa em dólar", disse o chefe adjunto do Departamento Econômico (Depec) do BC, Fernando Rocha. Pelos dados da autoridade monetária, as receitas obtidas com o gasto de estrangeiros no Brasil foram de US$ 550 milhões. Com isso, o saldo líquido de viagens ao exterior foi negativo, em outubro, em US$ 1,53 bilhão.

O rombo elevado em viagens internacionais, acrescido de outras despesas como os gastos com transporte, computação e aluguel de equipamentos, fez com que a conta de serviços do balanço de pagamentos ficasse negativa em US$ 4 bilhões em outubro. É isso, segundo Rocha, que explica o aumento do deficit em transações correntes, de US$ 3,15 bilhões no 10º mês de 2011 para US$ 5,43 bilhões em outubro deste ano, também um recorde para o mês.

Remessa de lucros

Para o chefe adjunto do Depec, o lado bom do aumento do débito é que ele foi provocado pela recuperação da atividade econômica, o que também explica a elevação de 51,1% na remessa de lucros e dividendos das empresas estrangeiras que atuam no país para as suas matrizes no exterior. No mês, o envio deu um salto para US$ 2,35 bilhões. No mesmo período do ano passado, tinha sido de US$ 1,55 bilhão. Fernando Rocha disse esperar que ele se mantenha elevado até o início do próximo ano. "Primeiro, com a recuperação da atividade econômica, as empresas auferem mais lucros. Só depois de eles serem contabilizados é que elas partem para a remessa", explicou.

O chefe adjunto do Depec ainda destacou como positivo o fato de o deficit em transações correntes estar totalmente coberto pelo volume de investimento estrangeiro direto que ingressa todo mês. Em outubro mais de US$ 7,7 bilhões entraram por essa rubrica. O Banco Central já credita que a estimativa feita para o ingresso de investimento estrangeiro direto, de US$ 60 bilhões para o ano, vai ser superada.

Fonte: Correio Braziliense