Nilton Bobato defende boicote contra Israel

"O Brasil precisa promover o boicote econômico e diplomático contra Israel". A afirmação do vereador Nilton Bobato (PCdoB) foi proferida durante aprovação do requerimento N°158/2012, de autoria dele, em sessão ordinária realizada nesta terça-feira (4), que transmite Votos de Louvor à comunidade palestina pelo reconhecimento da Palestina como Estado Observador da ONU, decisão legitimada na última Assembleia das Nações Unidas.

Direcionado a representantes da ANP (Autoridade Nacional Palestina), à Fepal (Federação Árabe Palestina no Brasil) e à Sociedade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu, a proposição, além de prestar homenagem pela resistência do povo palestino, que culminou no reconhecimento da Palestina como Estado Observador da ONU, reflete sobre a importância de um enfrentamento mais incisivo das Nações Unidas frente aos EUA e Israel, que sinalizaram a manutenção da política de dominação e “limpeza étnica” em território palestino.

“A primeira reação dos EUA e Israel após o reconhecimento da Palestina foi a autorização da execução de mais de 3 mil assentamentos israelenses dentro do território palestino”, apontou Nilton Bobato.

De acordo com o vereador, o reconhecimento da Palestina como Estado Observador da ONU foi um importante passo no processo geopolítico construído pelas Nações Unidas em compromisso com a causa palestina. Ele destacou a importância do Brasil, um dos primeiros países a reconhecer oficialmente o Estado Palestino.

Mas o vereador alerta que somente esta medida não vai resolver o problema. E explicou: “Esta é uma questão de humanidade, de um povo que não tem direito a ter seu território, sua casa, o direito de viver em paz. Nós imaginávamos que quando a ONU reconhecesse a Palestina, este processo ajudaria o governo de Israel e dos EUA a enxergar a questão da Palestina sob outro viés, mas a primeira reação foi de estupidez e afrontou o pensamento da maioria dos países do mundo, isso beira mais do que a arrogância: o desrespeito”.

O vereador, que comparou a situação vivenciada pelos palestinos como um novo “apartheid”, disse que o caso também exige as mesmas implicações mundiais que sofreu a África do Sul no período de segregação. “A única forma para resolvermos o conflito é condenar EUA e Israel, assim como foi no apartheid, quando o mundo se fechou para a África do Sul. Entendemos que precisamos ir além da solidariedade, só conseguiremos impedir o avanço da política genocida quando boicotarmos Israel e EUA”.

Omissão

O vereador, que participou do Fórum Social Mundial da Palestina, abordou a omissão da grande mídia em relação ao evento que atraiu milhares de pessoas de diversos países em um ato de apoio ao Estado da Palestina. Segundo Nilton Bobato, a posição dos meios de comunicação revela um grande esquema de financiamento que orquestra ações nos vários âmbitos institucionais, com vistas a promover a intolerância religiosa e a "incompreensão" da população quanto à causa palestina. "Em nenhum momento houve cobertura da imprensa durante o Fórum, exceto pela transmissão da TV aberta da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, onde ocorreu o Fórum Parlamentar", enfatizou.

As notícias veiculadas são meros fragmentos descontextualizados de uma guerra desigual e genocida que serve aos interesses de legitimar o discurso dominante dos EUA e de Israel pela paz. "O discurso de paz dos EUA e Israel é sinônimo de ocupação integral do território palestino. Esta é a paz que eles defendem, a paz que lhes convém." E acrescentou: "Enquanto a imprensa divulga os dados das mortes, esquece de salientar que enquanto morrem três israelenses, mais de 150 palestinos perdem sua vida, em uma guerra desigual, de resistência de um povo na luta por sua vida".