Oposição egípcia convoca marcha contra Morsi

A oposição egípcia planeja se concentrar nesta terça (4) em frente à sede do Executivo, no distrito de Heliópolis, na que chamam a marcha do Último Aviso contra os poderes excepcionais do presidente Mohamed Morsi e a Constituição.

Após mais de uma semana da vigília permanente na praça Tahrir e de distúrbios durante os quais aumentam os enfrentamentos entre manifestantes e polícias, a crise política egípcia parece mais bloqueada que nunca.

O mandatário deixou claro que manterá seus poderes até completar o que denomina a fase de institucionalização da revolução, mas os opositores continuam acusando Morsi de ter intenções ditatoriais e de favorecer a hegemonía política da Irmandade Muçulmana (IM).

Essa etapa deve culminar com a proclamação da Constituição e as eleições à Assembleia Popular, programadas para princípios de fevereiro do próximo ano, obviamente, se as circunstâncias o permitirem.

A disputa permanece inalterada, com as partes cada vez mais entrincheiradas em suas posturas, e a fratura que divide o país se aprofundando a cada minuto.

Os opositores condenam o que qualificam de tentativas de islamizar a sociedade; os partidários do presidente desmentem a alegação e lembram que o Egito é um país islâmico e deve ser regido pelos princípios da Charia, a lei muçulmana.

Esta manhã, vários jornais amanheceram em greve, assim como o Clube de Juízes, que se recusam a supervisionar o referendo constitucional anunciado pelo presidente para o próximo dia 15, e a Suprema Corte Constitucional, que suspendeu funções alegando pressões de grupos islâmicos.

Por sua vez, o Supremo Conselho Judicial Egípcio anunciou que indicará juízes e fiscais para certificar a consulta e criticou o grêmio de magistrados por "ultrapassar sua autoridade" ao declarar a paralisação.

Nesse contexto, o Ministério do Interior revelou em um comunicado que "provocadores" planejam se infiltrar na manifestação pacífica de hoje em frente ao Palácio Presidencial e advertiu que não permitirá ataques à propriedade pública ou privada.

Explicou no entanto que os agentes da ordem se manterão longe dos manifestantes, "enquanto o protesto se mantiver dentro de padrões pacíficos".

Nos quase 10 dias de protestos, a presença policial em Tahrir tem sido nula, exceto durante os choques nas ruas Mohamed Mahmud e Simón Bolívar, durante os quais os primeiros dispararam granadas lacrimogêneas respondidas com bombas incendiárias de fabricação caseira pelos segundos.

Mas os elementos de conflito estão presentes e mesmo quando a crise perder intensidade, ficará a certeza de que o futuro imediato deste país é incerto.

Fonte: Prensa Latina