O que aprender com 2012 e o que esperar de 2013/2014?

O PCdoB catarinense avaliou os resultados eleitorais de 2012 no estado e lança perspectivas para os próximos 2 anos 

Balanço do Projeto do PCdoB/SC de 2012 e Perspectivas 2013/2014
Objetivos de 2012

Na última Conferência Estadual em 2011, seguindo a orientação nacional do Partido de lançar candidaturas majoritárias e chapas próprias de vereadores onde fosse possível decidimos disputar a eleição às prefeituras de Florianópolis e Jaraguá do Sul e construir chapas próprias em algumas cidades. No esforço de buscar os objetivos traçados, inúmeras lideranças políticas e ativistas do movimento social se filiaram ao Partido. Expandimos o Partido para cerca de 70 municípios. Foi um período de intenso crescimento e fortalecimento partidário.

Na definição do projeto estadual após as convenções de junho/2012, com cerca de 200 candidatos(as) distribuídos/as por 56 municípios, estabelecemos que buscaríamos eleger a camarada Angela Albino prefeita de Florianópolis e a eleição de uma bancada de 20 vereadores distribuídos pelo estado. Nosso objetivo era alcançar a eleição de dois vereadores(as) em Florianópolis, manter as cadeiras de Criciúma e Jaraguá com chapa própria e a cadeira de Itajaí em coligação, eleger em Blumenau, fazer dois vereadores em Chapecó e ainda buscar eleger onde fosse possível nas 20 maiores cidades e municípios que apresentassem condições políticas. Entre os objetivos traçados, figurou ainda nossa participação na composição e apoio das candidaturas de aliados às prefeituras com vistas ao fortalecimento do campo da presidente Dilma e fragilização da tríplice aliança no estado.

Resultados da eleição

Uma rápida olhada no mapa eleitoral saído das urnas nos indica uma grande vitória do PSD no estado, se constituindo na 2ª maior força partidária; a tríplice aliança saiu bastante fortalecida com os resultados de Florianópolis e de Joinville, êxitos de Colombo e LHS. O maior partido continua sendo o PMDB, que dirige mais de 1/3 dos municípios do estado. Conforme já era previsto, depois da organização do PSD, o grande derrotado seria o DEM. O PT, embora tenha ampliado o número de prefeituras conquistadas e de vereadores eleitos sofreu uma grande derrota no maior colégio eleitoral do estado, que é Joinville. Quanto aos demais partidos – o PSDB, que vinha em processo de enfraquecimento, sai fortalecido com a vitória em Blumenau, Palhoça e outros. O PP mantém força e projeta novas lideranças. O PSB virou uma sublegenda do PSD.

O quadro político estadual pode passar por alterações significativas, caso se confirme o movimento em curso do PSD, de passar a integrar a base de apoio da Presidenta Dilma. O PCdoB deve estar atento a este movimento.

Na eleição de Florianópolis a camarada Angela não foi ao 2º turno por 2,4% dos votos, apesar de apontada entre o 2º e o 1º lugar em todas as pesquisas. Não podemos considerar isto uma derrota política uma vez que um de cada quadro eleitores de Florianópolis votou no 65, o maior índice entre todas as candidaturas do PCdoB nas capitais. E a chapa de vereadores do PCdoB/ Florianópolis, foi percentualmente, a 3ª mais votada das capitais. Com isto mantivemos a cadeira de vereador. É preciso fazer uma ampla e profunda avaliação de todo o processo – positiva e negativa – para tirar dela todos os ensinamentos. Neste sentido, orientamos o Comitê Municipal de Florianópolis que conclua, com a maior brevidade possível, o processo de avaliação de forma ampla e democrática, com a participação da direção estadual e nacional do partido.

A legenda do PCdoB, com o 65, em 2008 fez 36294 votos com 4 candidaturas a prefeito (Fpolis, Chapecó, Palhoça e Planalto Alegre), em 2012 fez 60073 com uma única candidatura em Florianópolis. Para vereador, em 2008 fez 37162 votos, em 28 municípios, com um total de 94 candidatos; em 2012 foram 67.700 votos para vereador, em 55 municípios, com 192 candidatos(as) e cumprimos a cota de gênero com 64 candidaturas mulheres distribuídas em 20 cidades.

Nas cidades de Criciúma e Jaraguá, onde concorremos com chapa própria, não alcançamos o coeficiente eleitoral. E não reelegemos Marcelo em Itajaí, em chapa com o PT. (Nas três cidades ainda existem pendências judiciais que podem abrir vaga para nossos candidatos). Também não alcançamos êxitos em algumas cidades em que lançamos inúmeras candidaturas como Lages e Gaspar.

Elegemos nove vereadores em oito cidades, retomando com destaque duas cadeiras em Chapecó, nosso maior êxito, onde o camarada Valduga foi o vereador mais votado da cidade e o camarada Paulinho voltou à câmara. Mantivemos o vereador Ricardo em Floripa e conquistamos cadeiras em duas cidades importantes – Içara com a camarada Edna e Concórdia com o camarada Comassetto. Elegemos ainda o camarada Edmiter em Praia Grande, mantivemos Ivonei em Ouro, conquistamos uma cadeira em Ouro Verde com Vanduir e elegemos Willian em Palmeira – próximo de Lages. Perdemos as vagas de vereador em três cidades importantes: Criciúma, Itajaí e Jaraguá.

A região Oeste foi a que teve o melhor desempenho do Partido na busca dos objetivos traçados, com a eleição de cinco vereadores e inúmeros prefeitos eleitos com nossa participação. A região Norte não elegeu nenhum vereador, mas o Partido foi protagonista na articulação majoritária em vários municípios e hoje tem condições de participar em oito administrações, inclusive em Joinville e Jaraguá do Sul e isto relativiza nossa derrota de vereador. É necessário enaltecer o trabalho realizado nas macro-regiões e a atuação dos(as) militantes que cumpriram as metas e tiveram desempenho destacado. O Comitê Estadual deve se debruçar sobre estes exemplos positivos para servir de referência na construção política partidária para o próximo período.

No que tange à questão de gênero destacamos que foi interessante e motivo de orgulho para o coletivo partidário catarinense contar com Sara Ternes como candidata a vice do PT em Itajaí, projetando e consolidando sua liderança na região e termos tido a candidatura de Angela Albino candidata de Florianópolis, com o PT de vice, fazendo uma votação histórica e contando com amplo apoio suprapartidário de mulheres. Nossas 64 candidatas mulheres à vereança honraram o Partido com sua garra, enfrentando todas as dificuldades estruturais e próprias das duplas e triplas jornadas de trabalho, alcançando mais de 9.600 votos (cerca de 15% dos votos do PCdoB) e elegendo Edna Benedet vereadora por Içar. As camaradas Beatriz e Elenira ficaram respectivamente como 1ª e 3ª suplentes em Florianópolis. Temos que persistir no esforço coletivo de filiar sempre mais mulheres, formá-las e criar condições para que possam atuar e avançar para que nosso Partido se destaque e consolide como o Partido da luta emancipacionista das mulheres e de toda humanidade.

Avaliando os resultados

Os resultados obtidos na eleição de 2012 mostram que somos um Partido ainda muito pequeno e pouco preparado para as disputas eleitorais, que subestima o planejamento das campanhas, desde a filiação antecipada de lideranças até a parte mais estrutural e financeira das campanhas.

Pelas informações e o acompanhamento que fizemos de nossas campanhas, no geral, foram marcadas pela garra dos candidatos e das candidatas, pela unidade, respeito e empenho em torno dos projetos, revelando novos quadros capazes de assumir maiores responsabilidades partidárias. Temos que fazer um levantamento dessas revelações e traçar um plano de incorporação ao Partido e de formação política.

Nas eleições majoritárias contribuímos para a eleição de aliados em 26 municípios nos quais podemos fazer parte dos governos eleitos. A nossa participação nestes governos deve cumprir papel importante na divulgação e implementação do Plano Nacional de Desenvolvimento e do Programa Socialista, no fortalecimento das lutas populares e nas frentes de atuação. Temos que nos debruçar com cuidado nesta questão, dialogar com os(as) eleitos(as), pleitear nossa participação nas administrações municipais e definir os objetivos que queremos alcançar com tal participação, no interesse do povo e de nossa inserção na vida da cidade. Este é um ponto que deve merecer muita atenção nossa, pois ajudamos a eleger, demos nosso aval aos candidatos(as) e agora precisamos ver como utilizar estes espaços em favor de nossa política de acumulação de forças. Mesmo em municípios onde nossa candidatura majoritária foi derrotada, mas o/a eleito/a é do campo de apoio à presidente Dilma, devemos nos aproximar e buscar algum protagonismo.

As direções municipais do Partido, sob orientação dos coordenadores(as) das macro, discutiram as linhas gerais do Plano Estadual e traçaram objetivos a serem alcançados em suas cidades. É preciso que os(as) camaradas agora se debrucem sobre o resultado eleitoral e façam uma avaliação criteriosa, crítica e autocrítica, em relação aos objetivos traçados e os resultados obtidos, buscando aprender com os erros e consolidar os acertos.

A Direção Estadual precisa acompanhar a evolução do quadro de Criciúma, onde haverá nova eleição para a prefeitura, para o partido sair do processo mais fortalecido.

Avaliamos que o projeto do PCdoB em Blumenau sofreu uma derrota política e eleitoral, consequência da quebra da unidade partidária. É preciso que a direção estadual, junto com o coletivo municipal, retome o debate dos problemas internos e tire dele as consequências que levem à unidade de ação do Partido.

No balanço da eleição, as direções municipais devem avaliar bem o quadro político surgido das urnas na cidade e na região: como vamos nos relacionar com as forças eleitas, se vamos ou não pleitear a participação nos governos, que objetivos alcançar, quem deve ser indicado para o governo e como vamos acompanhar a atuação dos(as) camaradas indicados(as). Precisamos compreender melhor e intensificar nossa ação na luta institucional.

Devemos nos preocupar em igual medida que a construção partidária se dê assentada na nossa inserção no movimento social e na luta de idéias. Como cada uma dessas frentes se fortalece e se relaciona uma com a outra.

É preciso também dar especial atenção à incorporação dos novos militantes e quadros filiados e ou que se revelaram neste período, os que foram candidatos e incorporá-los à estrutura partidária para fortalecermos e consolidarmos o Partido, condição para alcançarmos êxitos duradouros e acumular forças rumo ao socialismo. E, aproveitar o final do ano e início de 2013 para fazer um plano de formação, que qualifique melhor nossos quadros para assumirem maiores responsabilidades partidárias.

Linhas Gerais do Projeto de 2013/2014

2013 será o ano em que o Partido realizará seu 13º Congresso, se voltando mais para sua organização interna, avaliando critica e autocriticamente sua caminhada desde o 12º Congresso de 2009. É um período de intenso debate interno, quando todos e todas militantes são chamados(as) a debater e opinar sobre as teses do Congresso. E também a avaliar o trabalho partidário em cada estado e município para ao final do processo eleger novas direções. É uma fase de intensa reflexão e ajustes para avançar na acumulação de forças rumo ao socialismo, que é nosso objetivo maior. Todas as direções passarão por um processo de renovação, desde os organismos de base, as direções municipais, os comitês estaduais e os membros do Comitê Central. Podemos chamar este período como a primavera da democracia partidária.

Não é objeto deste documento o debate da parte mais permanente de construção do Partido, de inserção no movimento social, ligação com as massas e da questão da luta de idéias, mas, que devem ser pautadas e discutidas imediatamente pela direção estadual, coordenações de macros e direções municipais.

Segundo avaliação da Comissão Política do Comitê Central, o PCdoB é um Partido em processo de crescimento gradativo e em expansão, acumulando força e experiência na luta institucional. Na eleição de outubro/12 elegeu 56 prefeitos; 85 vice-prefeitos, entre as quais Nadia Campeão na cidade de São Paulo e 976 vereadores distribuídos pelo país. A próxima batalha ou guerra institucional que se apresenta será a de 2014, quando haverá eleições para presidente, governador, senador, deputado federal e estadual.

Em SC avaliamos que o Partido vem de um processo de acumulação de forças eleitoral, conquistando uma cadeira na Assembleia Legislativa e obtendo 563 mil votos para o senado. Em 2012 o Partido estendeu, ampliou e dobrou a votação em relação a 2008. Dando continuidade á esta curva ascendente, o PCdoB/SC lança o desafio para 2014 viabilizar a eleição de parlamentar para a Câmara Federal e no mínimo manter a cadeira na Assembleia Legislativa. O caminho para alcançar este ousado objetivo é o de construir chapa própria para deputado estadual, com lideranças distribuídas pelas cidades polos das regiões e nas principais frentes de atuação e apresentar candidatura única para federal.

A batalha de 2014 já começou. Está um curso uma intensa movimentação de forças, inclusive a filiação de lideranças. Temos que iniciar imediatamente o trabalho, listando nomes, procurando-os para discutir nosso projeto, convidando-os a engrossarem as fileiras do Partido neste ano congressual, dando especial atenção à filiação de mulheres e jovens. Procurar filiar os que estiveram envolvidos em nossas campanhas e organizá-los, dando-lhes vida orgânica. Isso é tarefa de toda militância, mas principalmente de nossas principais lideranças, dos dirigentes estaduais e também dos possíveis candidatos(as). Se não ampliarmos em muito nosso quadro de militantes e organizarmos nossas forças não alcançaremos tais êxitos. Precisamos ainda, destacar a necessidade dos militantes estarem inseridos nos movimentos sociais, nas lutas reais da vida das cidades e estar à frente das bandeiras políticas mais gerais.

Tarefas do Partido para 2013

1. Nas cidades em que disputamos a eleição, se ainda não foi feito, é preciso realizar o balanço político dessa batalha, examinar a fundo os fatores positivos da campanha, as insuficiências partidárias e planejar as novas tarefas;

2. Nas cidades pólos (30 maiores cidades), listar nomes de lideranças, preferencialmente já testadas em eleições, e imediatamente procurá-las para filiar ao Partido com vistas a construirmos chapa própria de Deputado Estadual em 2014 e a disputa de 2016;

3. O planejamento deve estar associado com o posicionamento político partidário em função dos resultados eleitorais. Onde o prefeito(a) eleito(a) foi por nós apoiado(a) discutir o papel e lugar do Partido na administração com vistas a acumular expressão política e social que favoreçam o cumprimento do programa vitorioso nas urnas e propiciar maior força partidária a serviço do projeto definido. (Ver Resolução Interna da Comissão Política sobre a participação nos governos). Na ocupação dos cargos ter sempre em conta a projeção de novas lideranças com vistas às próximas disputas;

4. Reorganizar e reforçar o mandato estadual da deputada Angela Albino e organizar os mandatos dos nossos vereadores para estarem sintonizados com o projeto partidário;

5. Discutir e viabilizar a participação das mulheres que foram candidatas e das nossas principais lideranças mulheres no Encontro Estadual organizado pela Secretaria Estadual da Mulher, do PCdoB, em fevereiro de 2013;

6. Realizar no primeiro semestre um encontro estadual da Frente Institucional, chamando os vereadores eleitos, assessorias e indicados pelo partido para os cargos executivos.

7. Divulgar e implementar a plataforma de lutas “Mobilizar a Nação pelo Desenvolvimento e a Democracia” aprovado pelo Comitê Central;

8. Avaliar a necessidade de realizar Encontro Estadual de Organização para debater as principais tarefas das secretarias e frentes para o próximo período;

9. Intensificar a formação dos militantes, através de planejamento executado pela secretaria de formação e propaganda;

10. Debater nossas prioridades nas frentes de massas e na luta de ideias, planejando nossas ações.

À luta, camaradas! Haveremos de vencer! Venceremos!

Florianópolis, 01 de dezembro de 2012.

COMITÊ ESTADUAL DO PCDOB – SC