Analistas projetam desaceleração do IPCA em novembro

Após se destacarem como principal pressão sobre a inflação nos últimos meses, os alimentos prometem desempenhar papel inverso em novembro, com elevação bem menos intensa do que o avanço médio de 1,1% observado entre julho e outubro. Por causa disso, a perspectiva para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de desaceleração.

Assim, o índice passa de alta de 0,59%, registrada em outubro, para expansão de 0,50% em novembro, de acordo com a média das projeções de dez consultorias e instituições financeiras.

As previsões para o indicador, que será divulgado nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), variam de 0,47% a 0,52%. A sinalização de perda de ritmo nos aumentos de preços já apareceram no IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, que subiu 0,54% no mês passado.

Esse movimento de desaceleração, que despontou em outubro e foi confirmado pelo IPCA-15 de novembro, não terá longa duração, afirmam os economistas. A expectativa é que em dezembro a inflação volte a se acelerar, com nova rodada de altas nos alimentos, pressões nos serviços e reajustes nos preços de cigarros.

No momento, o efeito da devolução das altas nos grãos no atacado está sendo incorporado pelo varejo, permitindo uma descompressão dos preços dos alimentos, diz Thiago Curado, da Tendências Consultoria. O aumento no grupo alimentação e bebidas vai ceder de 1,36%, em outubro, para 0,60% em novembro, segundo a consultoria. Alguns produtos, como arroz, feijão, carnes e bebidas, vão subir menos no IPCA de novembro e poderão entrar em deflação em dezembro, mas a queda de preços não deverá ser generalizada.

O Índice Geral de Preços

Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que a retração nos alimentos no atacado já foi revertida. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) agrícola, que caiu 1,34% em outubro, subiu 0,48% em novembro. Com isso, a expectativa dos economistas é que os preços de alimentos voltem a se acelerar em dezembro.

Em novembro, no entanto, diz Fabio Romão, da LCA Consultores, outros itens impedirão que o IPCA desacelere com mais força. Os combustíveis, por exemplo, mostram tendência de alta e a gasolina pode subir 1,4% nesta leitura, ante alta de 0,8% no mês anterior. As passagens aéreas repetirão no IPCA a variação registrada no IPCA-15, de 11,8% em novembro.

As vendas de Natal e Ano Novo também abriram espaço para repasse da alta do dólar para os preços de artigos de vestuário. "Esse ajuste não havia sido feito antes, porque não havia demanda que permitisse o aumento dos preços", afirma Curado, da Tendências. O maior impacto foi sentido no IPCA-15 de novembro, onde o grupo vestuário subiu 1,40%. Pelas previsões da Tendências, avançará 1,10% no IPCA. Em ambos os casos, a alta supera o reajuste de 0,89%, verificado no IPCA de outubro.

Já a aceleração esperada para os serviços, diz Romão, da LCA, tem mais relação com a sazonalidade do período, por causa do pagamento do 13º salário, do que com a retomada da atividade. Em novembro de 2011, os serviços subiram 0,72%, enquanto que para o mesmo período deste ano a alta esperada (0, 73%) é apenas ligeiramente superior.

Fonte: Valor Econômico