Na Venezuela, cenário eleitoral é adverso para a oposição  

A campanha para as eleições regionais na Venezuela, previstas para 16 de dezembro próximo, mostra um cenário adverso para a oposição em suas aspirações de ganhar terreno na disputa de 260 cargos em 23 estados do país.

Por Mario Esquivel *

É isso o que mostra o balanço da eleição presidencial de 7 de outubro, onde o mandatário Hugo Chávez se impôs com 55,07% dos votos.

Dessa forma, acabou com as aspirações do opositor Henrique Capriles, promovido pela denominada Mesa de Unidade Democrática e mais de uma dezena de organizações, que ficou com 44,31% dos votos.

Para o reconhecido jornalista José Vicente Rangel, as forças que se opõem a Chávez se lançam contra a institucionalidade eleitoral do país ao desqualificar a máxima autoridade na matéria.

Os ataques vão mais além, ao questionar a gestão do Plano República, mecanismo que implica as instituições armadas na segurança das eleições, acrescentou. Contudo, "nada fazem para indagar as causas reais de sua derrota" em 7 de outubro, expressou Rangel.

A esse respeito, os analistas mencionam um amplo espectro de insuficiências, entre elas a falta de projetos e propostas dirigidas à população, desvinculação dos potenciais votantes e desorganização.

Unido a isto, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e os partidos integrados no Grande Polo Patriótico adiantaram um sólido projeto de candidatos aos cargos em disputa, com o claro objetivo de transferir aos estados o resultado da votação presidencial.

Para o diretor do Grupo de Pesquisas Sociais Século 21 (GIS 21), Jesse Chacón, depois das eleições regionais do próximo 16 de dezembro aumentará o número de estados governados por partidários de Chávez.

A oposição se encontra com um grande problema, que é a desmobilização de suas bases, pois foi muito mal conduzida do ponto de vista da comunicação, ao dar por garantida a vitória de Capriles nas presidenciais, apoiado por meios privados e alguns institutos de pesquisa, afirmou.

Os que votaram pelo candidato opositor nas eleições presidenciais de 7 de outubro, disse o diretor de GIS 21 "sentem que foram enganados e de alguma forma isso vai ter um impacto negativo na mobilização para as eleições regionais".

Nisto também incide, explicou, o fato de que "o mandatário e o PSUV foram muito inteligentes em mudar alguns governadores que apresentavam problemas na avaliação de sua gestão”.

Por outro lado, o mecanismo de eleições primárias utilizado inicialmente para conformar uma proposta em face das presidenciais ficou relegado nesta ocasião, pois inclusive o próprio ex-candidato à presidência retornou à disputa pelo governo do estado de Miranda em detrimento de Carlos Ocariz, dirigente político do partido Primero Justiça e atual prefeito de Sucre.

Também se observam sinais de enfraquecimento nas fileiras das organizações da oposição, com pronunciamentos pontuais de dirigentes que se inclinaram abertamente pelo apoio às candidaturas socialistas em vários estados.

Essas forças se apressam a enviar mensagens para minimizar o impacto de uma ação desse tipo sobre os potenciais votantes, com vistas a dar uma visão de unidade que estão longe de alcançar.

Na atualidade, a oposição domina os governos de vários estados dentre os mais importantes, como Zulia (2,3 milhões de eleitores), Miranda (1,9 milhão), Carabobo (1,3 milhão) e Táchira (826 mil).

Contudo, os sinais indicam que o Grande Polo Patriótico está em condições de consolidar nas urnas regionais a vitória obtida nas últimas eleições presidenciais.

Para o chefe do Comando de Campanha, Jorge Rodriguez, na próxima eleição estarão em disputa 23 governos, o que constitui uma garantia de consolidação para o Poder Popular.

De particular interesse reveste-se a contenda no estado de Miranda, onde o ex-vice-presidente Executivo, Elias Jaua, lidera as pesquisas à frente de Capriles com uma vantagem de cinco pontos.

A campanha com vistas às eleições regionais, que começou em 1º de novembro, se estenderá até a meia-noite de 13 de dezembro, três dias antes do dia da eleição.

Para o dia da eleição, o árbitro eleitoral dispôs a ativação de mais de 36 mil mesas de votação, as quais se situarão em quase 13 mil centros localizados em todo o país, com exceção da capital.

Além dos governadores, os venezuelanos elegerão também 237 deputados, oito deles representantes dos indígenas.

*Correspondente da Prensa Latina na Venezuela.