Movimentos sociais criticam aumento da passagem de ônibus

Um dia após a confirmação do aumento da passagem de ônibus em Fortaleza, representantes de vários setores dos movimentos sociais criticaram a medida. Pegos de surpresa, a população amanheceu a terça-feira (11) pagando R$ 2,25 (inteira) e R$1,10 (meia). Não faltaram reclamações.

Gorete Fernandes, presidente da Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza, criticou a forma como o aumento foi imposto. “A postura representou muita falta de respeito com o usuário. Sequer nos avisaram com antecedência”. Ela acredita que a falta de um Conselho que reúna as diversas esferas da sociedade de Fortaleza acaba propiciando atitudes impositivas como esta. “O Conselho acompanharia políticas públicas importantes para a cidade, como o desenvolvimento urbano, habitação, saneamento e transporte público. Falta planejamento”, ratificou.

Gorete destacou ainda que o aumento não reflete na melhoria do serviço prestado. “O preço da passagem se manteve estável por causa da retirada de impostos que poderiam ser destinados a outros setores como educação e saúde, ao contrário do que os donos de empresas dizem que interferiu no seu lucro. E, para piorar, esse aumento não será revertido na melhoria do transporte coletivo”, lamentou. “Nossa realidade é a de ônibus quentes, viagens demoradas, falta de acessibilidade, paradas inapropriadas”, enumerou.

Participação popular e transparência

Nágyla Drumond, Secretária Estadual de Movimentos Sociais do PCdoB-CE, também destacou que a questão do aumento da passagem está além do debate judicial. “O problema central é que a população está impedida de participar efetivamente das decisões sobre a questão tarifária. Não sabemos sequer a quem e nem a onde procurar, pois não há um fórum que reúna os representantes interessados no tema”.

Segundo Nágyla, a falta de transparência, que envolve tanto a Prefeitura de Fortaleza quanto o Sindiônibus, impede a participação popular. “Muito mais que uma questão judicial, o aumento simbolizou o impedimento de controle social”.

A dirigente destacou ainda a falta de planejamento para questões ligadas à mobilidade urbana. “Se não fosse por uma emenda da nossa vereadora Eliana Gomes, que garantiu a inclusão de órgãos de gerenciamento de trânsito e transporte no Instituto de Planejamento de Fortaleza, essas entidades sequer teriam assento na entidade”.

“Presente de Natal”

Os estudantes também criticaram o aumento das passagens. Para Ivo Braga, vice-presidente regional da União Nacional dos Estudantes (UNE), o aumento foi abusivo. “Recebemos um presente de natal nada interessante. Da noite para o dia nós, estudantes, e a população em geral, fomos surpreendidos com a medida abusiva que aumentou o preço da passagem em mais de 10%, percentual maior que o acumulado na inflação no período anterior”, ressalta.

Para reverter a imposição dos empresários, Ivo informa que hoje (12) haverá um encontro que irá debater formas de derrubar a liminar que autorizou o aumento da passagem de ônibus em Fortaleza. “Precisamos organizar um movimento de resistência para impedir esse tipo de abuso. Todo mundo pode participar. Além da questão da passagem, iremos debater também a qualidade do transporte coletivo na capital”, informa. A reunião será a partir das 17h, no Bosque Moreira Campos (Faculdade de Letras da UFC).

A presidente da UJS/Fortaleza, Cláudia Rodrigues, repudiou a majoração do preço da passagem de ônibus em Fortaleza e chamou o processo de é inadequado e desrespeitoso para com o cidadão fortalezense. A dirigente afirmou que o povo de Fortaleza não aceitará esse aumento e que a entidade juvenil está a postos para lutar pela manutenção da tarifa de ônibus mais barata do Brasil.

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De Fortaleza,
Carolina Campos