Um terço dos brasilienses mora em locais irregulares

Os números são devastadores. Das 31 regiões administrativas que compõem o DF, 17 têm parte do território irregular.

Em alguns casos, a situação é ainda mais grave, com toda a área fora da lei. Entre bairros ou cidades inteiras, oito têm esse perfil: seis RAs — Paranoá, Itapoã, Estrutural, Jardim Botânico, São Sebastião e Vicente Pires — e dois bairros de Ceilândia, o Sol Nascente e o Pôr do Sol.

Juntas, essas localidades reúnem quase 450 mil moradores, sem contar os residentes dos condomínios irregulares, o que eleva esse contingente a praticamente um milhão de pessoas. Dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) indicam que um terço da população da capital, próxima a 2,7 milhões habitantes, mora em área irregular e mais da metade deles (57%) não têm a escritura de registro imobiliário, ou seja, não são os verdadeiros donos dos próprios imóveis que habitam.

A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios do DF, feita em 2011 e que condensa informações sobre moradia na capital, dimensiona a partir de números o tamanho do problema. Em uma consulta na qual os moradores declaram suas condições, constatou-se que 158.179 domicílios próprios são completamente irregulares. Corresponde a 20,2% de todas as residências do DF.

O presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, alerta que essa quantidade pode ser ainda maior e chegar a um terço da população. “Muitas pessoas, por receio ou mesmo constrangimento, deixam de relatar a situação real de moradia”, explica o técnico. Soma-se a isso o fato de que quem paga aluguel nem sempre reporta fielmente a condição do registro do imóvel onde vive.