Minas realiza ato em homenagem ao comunista Sérgio Miranda

Na última quinta-feira, o auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, palco de grandes eventos da luta democrática e revolucionária do povo brasileiro naquele estado, ficou lotado para uma emotiva homenagem a Sérgio Miranda, militante comunista durante meio século, falecido em 26 de novembro último. Sérgio foi militante do PCdoB durante 43 anos, fliando-se a partir de 2005 no PDT.

Instalada por Aldanny Rezende, que durante anos foi membro da equipe da assessoria parlamentar de Miranda, e pelo jornalista Eduardo Campos, a mesa foi constituída por Cristina Sá, e Antonio Brito, respectivamente viúva e irmão de Sérgio Miranda; Patrus Ananias, ex-ministro nos dois governos do ex-presidente Lula, o vereador Caixeta (PT), representando a Câmara Municipal de Belo Horizonte; o deputado Celinho do Sintrocel, representando a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALEMG); o deputado Durval Ângelo (PT), em nome da Comissão de Direitos Humanos da ALEMG; José Maria Rabelo, líder histórico do PDT mineiro; a deputada federal Jandira Feghali, representando a Câmara dos Deputados; a deputada Jô Moraes, presidente estadual do PCdoB em Minas Gerais; o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) e o jornalista José Reinaldo Carvalho, editor do Portal Vermelho e membro do Secretariado Nacional do Partido Comunista do Brasil.

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Sérgio foi militante das causas revolucionárias e socialistas

Na abertura do ato, foi realizada uma bela apresentação artística pelo grupo musical Meninas de Sinhá, constituído por senhoras residentes no Alto Vera Cruz, reduto de lutas populares na capital mineira, onde Sérgio Miranda desenvolveu inúmeras atividades como presidente estadual do PCdoB, vereador da capital e deputado federal.

Titane, a grande cantora mineira de MPB, dona de incomparável voz, encantou e emocionou os presentes com a apresentação de dois números do seu belo repertório, escolhidos especialmente em homenagem a Sérgio Miranda.

“Sérgio não se vergou a nenhuma pressão”, pontuou o jornalista Eduardo Campos, que também ressaltou os elevados atributos do militante comunista: “dedicado à luta por um Brasil e um mundo justo, um caráter irretocável, a capacidade de unir, um ser humano luminoso que sempre pautou sua conduta pela lealdade a valores e princípios”.

O economista Luiz Bernardes falou em nome da comissão organizadora das homenagens a Sérgio Miranda. Bernardes se referiu às qualidades de Sérgio como “militante político e comunista, intelectual culto e inquieto, firme em seus princípios e amplo em suas ações, combativo e coerente, responsável e dedicado, que já o haviam transformado em uma referência política importante no contexto nacional e em um dos principais dirigentes da esquerda brasileira”. Destacou ainda que Sérgio foi um “militante crítico e aberto aos grandes dilemas e impasses da atualidade, sem sectarismo e sem o ativismo pequeno”.

O ex-ministro Patrus Ananias fez referências à coerência de Sérgio Miranda, que durante toda a sua vida nunca separou a palavra, o pensamento e a prática. Destacou que Sérgio Miranda foi exemplar nisso e sempre deu mostras de desprendimento e dedicação às causas do povo brasileiro. “Militante político desde a adolescência – contou-me que se vinculara ao PCdoB aos 14 anos – com sólida formação e muitas leituras, Sérgio acumulou uma admirável cultura humanística que transitava com leveza da literatura à história, das ciências sociais e matemáticas à filosofia. Tinha uma relação especial com a poesia. Em tardes e noites mais descontraídas declamava de cor textos clássicos do melhor da nossa produção poética. Lembro-me dele, na tribuna da Câmara, profligando com Tiradentes os que fazem do poder instrumento de opressão, repassando indignado, as páginas de Cecília Meireles no Romanceiro da Inconfidência”, assinalou Patrus.

“Homem público de quem podemos dizer que foi indispensável ao seu tempo, pela sua dedicação às causas da cidadania”, afirmou sobre Sérgio Miranda o deputado estadual Celinho do Sintrocel, em nome da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O vereador Caixeta, falando em nome da Câmara Municipal de Belo Horizonte, ressaltou o exemplo de Sérgio Miranda como vereador que “engrandeceu a Câmara Municipal” da capital mineira.

O líder histórico do PDT mineiro, José Maria Rabelo, afirmou que Sérgio Miranda “viverá para sempre na memória do povo brasileiro”. Rabelo agregou que Sérgio Miranda “nunca transigiu na defesa dos interesses do povo brasileiro, deu um exemplo imortal”. Para Rabelo, a morte de Sérgio Miranda representa uma “perda irreparável”. Por isso, concluiu, “é nossa tarefa reafirmar o compromisso com suas ideias”.

Para o deputado estadual Durval Ângelo, entre as suas muitas tarefas, Sérgio Miranda desenvolveu “frutífera cooperação” com a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa estadual e fez avançar a luta por esta causa.

Em nome do Movimento pela Frente Popular, o professor Carlos Magno defendeu a necessidade de “resgatar os ensinamentos de Sérgio Miranda, que nunca abandonou o ideal comunista e as causas populares”.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), pronunciando-se em nome da Câmara dos Deputados, disse que Sérgio Miranda “foi um dos melhores parlamentares da história do parlamento brasileiro”. Ressaltando o elevado nível político e ideológico da atuação de Sérgio Miranda, Jandira disse que “Sérgio não tinha nada de pragmático e deixa um exemplo para afastar o pragmatismo da ação da esquerda brasileira”.

O jornalista José Reinaldo Carvalho, editor do Portal Vermelho e membro do Secretariado Nacional do PCdoB disse que Sérgio Miranda foi seu “mestre e amigo”, desde o início dos anos 1970, na Bahia, quando, na mais estrita clandestinidade, ele revelou também “seus talentos de organizador do Partido, articulando os militantes e quadros em vários estados”.

Reinaldo assinalou que Sérgio foi um “camarada generoso, que sempre valorizou o coletivo, um homem vertical e de princípios, que nunca abandonou a luta pelo socialismo e o ideal comunista”.

Para José Reinaldo, Sérgio Miranda “foi um brilhante intelectual comunista que exerceu a luta de ideias, em defesa e pelo desenvolvimento do marxismo-leninismo”. O jornalista lembrou a contribuição de Sérgio Miranda nos embates políticos e ideológicos ocorridos no Brasil e no mundo após a contrarrevolução que derrubou o sistema socialista na ex-União Soviética, destacando o seu papel na afirmação da identidade comunista e do caráter revolucionário da luta pelo socialismo.

Concluiu dizendo que “o nome e a obra do camarada Sérgio Miranda, comunista até o seu último suspiro, são referência para todos aqueles que lutam pela emancipação nacional e social do povo brasileiro, pelo socialismo em nosso país e no mundo”.

Na homenagem a Sérgio Miranda tomaram a palavra também o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) e representantes do PCR, do Psol, da UNE, do MST, da Ocupação Dandara, das Brigadas Populares e dos professores da UFMG.

Da redação