Eleições nos EUA: Obama é reeleito em meio à desesperança

As eleições nos Estados Unidos, disputada pelo presidente Barack Obama, que concorreu à reeleição pelo Partido Democrata, e Mitt Romney, candidato pelo conservador Republicano, movimentaram a opinião pública mundial desde o início do ano. Embora houvesse certo consenso de que pouco mudaria no âmbito das relações internacionais, diversas correntes progressistas manifestaram preferência por Obama, que seria um mal menor.

obama

Obama não fechou Guantánamo, não parou a guerra no Afeganistão, manteve e endureceu o bloqueio contra Cuba, financiou e armou grupos armados na Síria, apoiou a Otan no bombardeio à Líbia, endureceu o discurso contra o Irã e foi contra o reconhecimento da Palestina como Estado-Observador na Organização das Nações Unidas (ONU). Nada de progressista em sua política externa. Tampouco conseguiu reverter a crise econômica que assola o país.

Leia também:
Fidel Castro: O melhor presidente para os Estados Unidos
EUA: Uma eleição marcada por descrença e desinteresse
EUA: eleição esquisita
EUA: um sistema eleitoral atrasado e restritivo
Romney admite que ignora metade dos eleitores, os mais pobres
Pecequilo: Nos EUA, uma eleição apertada e sujeita a sobressaltos
Latinos: desiludidos com Obama, ameaçados por Romney
Obama é reeleito nos Estados Unidos

Mas, para a América Latina, ele despontou como opção menos ruim: o deixa tudo como está. Romney manteve um discurso típico da Guerra Fria: anti-Fidel Castro, anti-Hugo Chávez, antiesquerda, anticomunista; enquanto Obama não sinalizou nenhuma mudança significativa no cenário.

Ao contrário do clima de esperança que marcou sua eleição em 2008, os estadunidenses foram às urnas descrentes e desesperançosos. Por pouco Romney não levou a melhor, já que durante boa parte da campanha os candidatos permaneceram tecnicamente empatados, e em alguns momentos chegou mesmo a passar o democrata.

Apesar do descrédito em torno de Obama, Romney cometeu gafes que lhe custaram a eleição. Um vídeo, gravado pela revista Mother Jones, por exemplo, flagra o candidato dizendo que "47% dos eleitores dependem do governo" e que seu trabalho não é se "preocupar com essas pessoas".

O complicado sistema eleitoral do país voltou a ser alvo de críticas uma vez que, ao invés de aumentar e fortalecer a democracia, restringe e dificulta a pluralidade e distorce a vontade manifestada nas urnas pelo voto popular. Também surgiram denúncias de que alguns estados não registraram eleitores mais pobres, porque eles favoreceriam os democratas.

De acordo com Paul Krugman, as eleições foram um referendo que respaldaram o sistema de seguridade social proposto por Obama. “[Reeleito, estou] mais determinado e mais inspirado do que nunca”, disse Obama em seu primeiro discurso ao saber que ganhara as eleições, acrescentando que nunca esteve “tão esperançoso em relação à América. E peço a vocês que sustentem essa esperança”. Ele citou como desafios a reforma do sistema de imigração, a redução do déficit e as mudanças no Código Tributário.

“A questão colocada para Obama agora é descolar o welfare state (estado de bem estar social) do warfare (estado de guerra) e assumir um programa de governo cada vez mais associado aos trabalhadores e à pequena e média burguesia estadunidense, em oposição ao rentismo e à aristocracia financeira em que se inscreve cada vez mais o grande capital”, como definiu o sociólogo Carlos Eduardo Martins.

Da redação do Portal Vermelho