Latuff diz que lista é manobra para distorcer a verdade
Em entrevista, nesta quinta-feira (10), à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o cartunista brasileiro Carlos Latuff falou sobre seu nome ter sido listado pelo Centro Simon Wiesenthal entre as dez figuras mais antissemitas do mundo em 2012.
Joanne Mota, com informações da EBC
Publicado 11/01/2013 10:13
O cartunista diz que "esse tipo de lista na verdade é uma tentativa de criminalizar críticas à postura do Estado de Israel. Segundo ele, o que ocorrer na Palestina nada tem a ver com religião, o que ocorre é essencialmente político. Por isso, que minhas charges incomodam tanto, porque é sobre políticas que elas falam".
Após ser anunciado que Latuff estava na lista do Simon Wiesenthal, diversas entidades organiozadas, intelectuais e artistas declaram seu apoio e organizaram um abaixo-assinado em defesa do artista.
O texto do abaixo-assinado, intitulado “Pelo fim da manipulação do antissemitismo para fins políticos”, cita a lista do Centro Simon Wiesenthal e afirma, com letras maiúsculas, que “ANTISSIONISMO NÃO É ANTISSEMITISMO”. O cartunista também explica que seu objetivo está em ” esclarecer a opinião pública de que crítica às políticas do estado de Israel NÃO é ódio aos judeus e combater as campanhas de difamação promovidas por organizações e indivíduos que fazem essa associação desonesta”.
Leia o texto do manifesto (clique para assinar):
Se você tem alguma dúvida sobre o fato de que Latuff não cabe nessa lista de antissemitas, expus meus argumentos no site Opera Mundi, no texto Latuff na lista de antissemitas: uma acusação inconsistente. Se você quer uma segunda opinião, apresento a do cineasta Sílvio Tendler, para quem o “rabino que te colocou nessa lista não sabe do que está falando“.
Agora, se você quer um argumento visual, acho que o melhor vem abaixo e mostra o que Latuff representa: o engajamento pela paz entre palestinos e judeus no Oriente Médio.
A serguir, nota divuldada em dezembro do artista sobre o assunto:
Recebo com tranquilidade a citação de meu nome numa lista dos "10 mais antissemitas" pelo Centro Simon Wiesenthal. A organização, que leva o nome de um célebre caçador de nazistas, sob o argumento da proteção aos direitos humanos e combate ao antissemitismo, promove a agenda da política israelense.
A minha charge que acompanha o relatório mostra o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu tirando proveito eleitoral dos recentes bombardeios a faixa de Gaza (o ataque foi realizado a 2 meses das eleições em Israel). Em novembro desse ano, o rabino Marvin Hiers, fundador do Centro Simon Wiesenthal, me acusou publicamente na Internet de ser "pior que antissemita" por fazer tal crítica através do desenho.
Não é por acaso que meu nome foi citado junto com o de diversos extremistas e racistas. É uma estratégia do lobby pró-Israel associar de maneira maliciosa críticas ao estado de Israel com ódio racial/religioso, numa tentativa de criminalizar a dissidência.
Crítica ou mesmo ataque a entidade política chamada Israel não é ódio aos judeus porque o governo israelense NÃO representa o povo judeu, assim como nenhum governo representa a totalidade de seu povo. Essa não foi a primeira e nem será a última vez que tal incidente acontece, e por entender que tais acusações são orquestradas por quem apoia a colonização da Palestina, seguirei com minha solidariedade ao povo palestino.
Carlos Latuff
Rio de Janeiro
28 de dezembro de 2012