Países do Oriente Médio traíram missão na Síria, diz Annan

O ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, revelou, nesta quarta-feira (16) que alguns países do Oriente Médio traíram sua missão como enviado especial para a solução do conflito na Síria, como informou a agência de notícias Sana.

Ainda que Annan se abstenha de mencionar quais foram esses países, reafirmou que quando tentou de implementar seu plano de seis pontos há um ano, alguns governos ofereceram promessas verbais, enquanto enviavam armas e combatentes para a Síria.

As declarações feitas em Genebra, Suíça, durante a apresentação de seu novo livro Intervenções de Vida: a Guerra e a Paz, jogam luz sobre as causas que provocaram sua renúncia em 2012 como negociador da crise síria, pois se retirou dessa missão sem dar muitas explicações.

Annan explicou que o plano de seis pontos proposto naquele momento poderia ter sido um bom início para resolver a crise no país.

A iniciativa defendia um cessar de hostilidades como passo prévio ao início de conversas entre os grupos em combate, a entrega de ajuda humanitária às famílias afetadas pela violência e a libertação de presos políticos, entre outros aspectos.

"No entanto, alguns países não mostraram seriedade e mantiveram seu apoio logístico e financeiro aos grupos armados que lutam contra o governo do presidente Bashar Al Assad", enfatizou.

Annan assinalou que "esses Estados apostaram na oposição e na via militar para solucionar a crise durante um período, motivo pelo qual não foram sinceros com nossa iniciativa, e isso resultou em um prolongamento das hostilidades", agregou.

Meios de imprensa e relatórios de inteligência confirmam que países como Turquia, Arábia Saudita e Catar se converteram nos principais fornecedores de armas, munições e dinheiro para os chamados rebeldes, grupos irregulares que operam em todo o território sírio.

O ex-secretário geral da ONU estimou, segundo a fonte, que "existem cidadãos que estão contra o governo de Damasco, mas ao mesmo tempo se preocupam com o futuro se os opositores armados assumirem o poder".

"Se não forem propostas alternativas para uma negociação, o estancamento político continuará por muito tempo", advertiu.

Fonte: Prensa Latina