Mesmo com alta de 21% no lucro, banco holandês vai demitir 2.400

O banco holandês ING informou nesta quarta-feira (13) que vai cortar mais 2.400 empregos em suas operações de banco de varejo, depois de reportar um aumento de 21% do lucro líquido do quarto trimestre impulsionado pela venda de ativos.

O ING disse que vai cortar 1.400 postos de trabalho na Holanda e outros 1.000 na Bélgica, em duas reestruturações que devem gerar uma economia anual de 270 milhões de euros em custos. O movimento vem na esteira da reestruturação do banco de varejo do ING que resultará em um total de 2.700 empregos perdidos. O ING tem aproximadamente 93 mil funcionários no mundo todo.

O maior banco da Holanda em ativos registrou um lucro líquido de 1,43 bilhão de euros (US$ 1,91 bilhão), ante um lucro de 1,19 bilhão de euros um ano antes, mas abaixo das estimativas de analistas, que era um ganho de 1,52 bilhão de euros.

Os ganhos de capital na alienação de ativos bancários e de seguros no Canadá e na Malásia ajudaram a compensar o efeito negativo de um imposto bancário holandês e dos custos de reestruturação nos resultados do banco.

O ING disse que está fazendo progressos na reestruturação que vai transformar o gigante financeiro global em um banco focado na Europa. A União Europeia colocou como condição que o grupo holandês reduzisse seu tamanho para obter um pacote de socorro do governo em 2008. Isso exigiu que o ING vendesse seu braço de seguros e alguns ativos bancários.

"Os resultados para o ano foram bons, apesar da crise da dívida soberana na Europa e o cenário econômico fraco que persistiu ao longo de 2012", disse o presidente-executivo do ING Jan Hommen em comunicado. "Em 2013, o clima econômico permanece desafiador e temos de ser ágeis para responder rapidamente ao ambiente dinâmico."

A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, deu em novembro ao ING um espaço para respirar na execução de sua reestruturação, encerrando uma longa briga jurídica entre as duas partes. Ao ING foi dado mais cinco anos para completar a venda de seus negócios de seguros e estendido o prazo para reembolsar os 3 bilhões de euros finais de seu resgate de 10 bilhões de euros para maio de 2015.

No entanto, agora o ING está enfrentando problemas em casa. A Holanda, considerado um país central na zona do euro, caiu de novo em recessão no quarto trimestre em meio à queda persistente do mercado imobiliário. A crise está cada vez mais tomando seu espaço sobre o setor bancário holandês, o que levou, no início deste mês, à nacionalização do quarto maior banco do país, o SNS Reaal NV.

Fonte: Valor Econômico