Blogueira Yoani Sánchez desembarca em Salvador sob protestos

A chegada da blogueira cubana Yoani Sánchez à Bahia, por volta de 8h50 desta segunda-feira (18), foi marcada por protestos de representantes da União da Juventude Socialista (UJS) e da Associação José Martí Bahia, que esperavam por ela no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador.

Yoani Sánchez iniciou sua viagem ao mundo em 80 dias pelo Recife; apoiada pela Sociedade Interamericana de Imprensa, ela pretende denunciar restrições à liberdade em Cuba; no fim de semana, Veja tentou alimentar uma crise artificial ao denunciar uma suposta trama armada pelo “eixo PT-Havana” para desmoralizá-la.

Os cerca de 20 manifestantes carregavam faixas com os dizeres "Yoani Sánchez: personalidade falsificada. Fabricada pelos Estados Unidos e seus aliados" e "Abaixo o bloqueio dos EUA a Cuba. Yoani Sánchez é persona non grata na Bahia", entre outros.

A blogueira desembarcou por uma saída lateral para evitar o confronto com o grupo, e segue de carro até o município de Feira de Santana, a 100 km de Salvador, onde participa de uma série de debates e eventos.

Uma das faixas dizia “Fora Yoani, agente do serviço dos EUA contra o povo cubano”. Um ativista ainda tentou esfregar dólares em seu rosto. De bom humor, ela respondeu: “Isto é a democracia”
De Recife a blogueira seguirá para Salvador e Feira de Santana, onde participará da exibição do documentário “Conexão Cuba-Honduras”, do cineasta Dado Galvão.

Apoiada pela Sociedade Interamericana de Imprensa, ela fará uma palestra no jornal Estado de S. Paulo e viajará durante 80 dias, cumprindo um roteiro no qual pretende denunciar arbítrios e injustiças do regime cubano.

Dinheiro e relação com Estados Unidos

Yoani aponta que tem muitas dificuldades materiais para manter seu blog. Porém recentemente foi nomeada diretora regional da nefasta Associação Interamericana de Prensa (SIP), e recebe um salário equivalente a US$ 6 mil livres de impostos. A Cubana já recebe outro salário no mesmo valor, do jornal espanhol El Pais, como correspondente em Cuba. Até mesmo suas premiações pela defesa da “liberdade de expressão” são remuneradas, o que já lhe rendeu uma arrecadação por volta de 250 mil euros.

O rótulo de “jornalista independente” não lhe cabe, ela é também representante do “escritório de interesses” dos Estados Unidos em Havana, a Sina, e recebe salário pela função. O próprio Wikileakes denunciou sua ligação com os interesses americanos:

O chefe da Sina, Jonathan Farrar, em 2009 escreveu ao Departamento de Estado: “Pensamos que a jovem geração de dissidentes não tradicionais, como Yoani Sánchez, pode desempenhar papel a longo prazo em Cuba pós-Castro”. O mesmo recomendou que os EUA aumentassem os subsídios financeiros à blogueira “independente”.

Ainda no campo financeiro, o mesmo Departamento de Estado americano destina anualmente cerca de 20 milhões de dólares para incentivar os golpistas contra o governo cubano.

Essa relação estreita com os norte-americanos é também observada nos discursos onde defende a Lei de Ajuste Cubano, imposta pelos EUA para desestabilizar a economia cubana. Yoani também defendeu a privatização,“privatizar, não gosto do termo porque tem uma conotação pejorativa, mas colocar em mãos privadas, sim.”

Censuras e agressões

Quanto à censura, o jornalista Altamiro Borges esteve em Havana em novembro passado. Ele relata que na estadia à ilha não teve nenhum problema em acessar o blogue de Yoani.

Em novembro de 2009, Yoani havia declarado à imprensa internacional que tinha sido oprimida pela polícia cubana, “numa tarde de golpes, gritos e insultos”, e afirmou que divulgaria fotos comprovando os hematomas. Contudo, não apresentou tais provas e os médicos que a atenderam informaram que não havia nenhum vestígio de violência.

Dado Galvão

Para colher dados para seu documentário, o cineasta viajou a Cuba, onde realizou a entrevista com Yoani e o marido dela. A proposta do filme é apontar a repressão da liberdade de expressão na ilha, tendo como uma das protagonistas, a blogueira. Dado, é um freqüentador assíduo do Instituto Millenium, e Yoani já tem seu nome no mesmo instituto, que reúne os barões da mídia brasileira.

Com agências e Portal UJS