Gil Rugai deve ser julgado em S. Paulo após nove anos

Começou na manhã desta segunda-feira (18) o julgamento do estudante e ex-seminarista Gil Rugai, acusado de matar o pai, Luiz Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra de Fátima Troitino. Os crimes ocorreram há nove anos. O réu, que chegou a ficar preso por dois anos durante o processo, mora atualmente com a avó materna em São Paulo. Ela nega seu envolvimento.

Caberá ao júri popular formado por sete pessoas, no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste da capital, a decisão. O estudante é acusado pelo duplo homicídio cometido em 28 de março de 2004, por volta das 21h30, além de estelionato. Ele poderá ser condenado ou absolvido pelo júri popular. Mas mesmo que seja considerado culpado, tem o direito de recorrer da sentença em liberdade. A previsão é que a decisão dos jurados seja conhecida somente após três dias de trabalhos.

Segundo o Ministério Público, responsável por oferecer a denúncia contra Gil Rugai à Justiça, o estudante usou uma arma para matar a tiros o pai, que tinha 40 anos na época do crime, e a madrasta, então com 33. Para a Promotoria, o motivo dos assassinatos foi um desentendimento envolvendo a administração da empresa de Luiz Carlos, a 'Referência Filmes'.

Alessandra e Luiz foram mortos com 11 tiros na casa deles, em Perdizes, Zona Oeste da cidade. No mesmo processo pelo homicídio, Gil Rugai responde ainda a acusação de ter dado um desfalque de mais de R$ 100 mil, em valores da época, à empresa do pai. Razão pela qual havia sido expulso do imóvel cinco dias antes do crime. Ele cuidava da contabilidade da ‘Referência Filmes’.

A Promotoria teria como provas contra Gil Rugai a arma do crime, achada no prédio onde Gil Rugai mantinha um escritório e uma pegada na porta da casa das vítimas que foi arrombada pelo assassino. Quem acusa é o promotor do caso, Rogério Leão Zagallo. Nem o promotor, nem o advogado da família de Alessandra, Ubirajara Mangini Kuhn Pereira, assistente de acusação, foram localizados para comentar a reportagem.

O julgamento de Gil Rugai já foi adiado por duas vezes, em 2011 e 2012, por causa de pedidos da defesa, que solicitou à Justiça a realização de um novo exame de DNA do sangue recolhido na cena do crime e do acusado. Além disso, pediu esclarecimentos de um perito.

O risco de um novo adiamento é possível. Para isso, as partes envolvidas no processo teriam de alegar algum problema para a realização do júri. Por exemplo, a ausência de alguma das testemunhas.

Segundo o TJ, 15 testemunhas (5 de acusação, 9 de defesa e uma do juízo) serão ouvidas no julgamento. Os nomes não foram informados pela assessoria do tribunal.

Uma das testemunhas que serão ouvidas é o vigilante Domingos Ramos de Oliveira Andrade. No processo, ele relatou que viu Gil Rugai e uma outra pessoa não identificada saírem juntos da casa das vítimas na noite do crime.

A Polícia Civil, no entanto, só conseguiu apontar o estudante como o principal e único suspeito pelos assassinatos. A única pessoa investigada como suposta comparsa de Gil Rugai foi Maristela Greco, mãe do estudante. Mas como ela apresentou um álibi que convenceu os investigadores e foi descartada a participação dela no crime.

A estratégia da defesa no júri de Gil Rugai será a de desqualificar as provas apresentadas pelo Ministério Público, negando que seu cliente matou o pai e a madrasta ao afirmar que o relacionamento dele com as vítimas era bom. Também dirá que a pegada na porta não é do réu e que o estudante estava em seu escritório quando o crime ocorreu. Sobre a arma do assassinato, dirá que ela foi ‘plantada’ pela polícia.

Também os advogados de Gil Rugai, Marcelo Feller e Thiago Gomes Anastácio, não foram localizados para comentar.

Com agências