Wagner Gomes: Uma santinha do pau oco a soldo do imperialismo
Bem que a blogueira cubana Yoani Sánchez tentou fugir, mas não conseguiu evitar as manifestações de protesto contra sua indesejável presença no Brasil ao chegar ao aeroporto de Recife na madrugada desta segunda-feira, 17, e no de Salvador, por volta das 8h30.
Por Wagner Gomes*
Publicado 18/02/2013 17:21
Bajulada pela mídia burguesa e partidos da direita neoliberal, a santinha do pau oco a soldo do imperialismo e da contrarrevolução em Cuba é uma persona no grata para as forças progressistas e os movimentos sociais brasileiros, sempre solidários com a Ilha socialista.
Beneficiada pela reforma migratória promovida por Raúl Castro, Sánchez iniciou pelo Brasil uma longa e certamente caríssima viagem de 80 dias pelo mundo. Pretende visitar mais de 10 países, em vários continentes, onde fará conferências contra o socialismo cubano e a favor de reformas neoliberais no país.
Sua turnê é comparável a de um chefe de Estado ou artista famoso. “Os recursos dedicados a ela são impressionantes”, conforme notou o professor e ensaísta francês Salim Lamrani em artigo publicado no portal Opera Mundi (acesse a versão em português reproduzida pela Fundação Maurício Grabois aqui.
Ela promete passar por São Paulo no próximo dia 21, onde deve participar de palestra organizada pelo jornal O Estado de S.Paulo. No México é convidada de honra da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), entidade que representa os interesses e a ideologia, neoliberal, dos monopólios mediáticos americanos.
Nos EUA, será recebida na redação do New York Times. Irá também à Argentina, Canadá, Peru, Espanha, Itália, Alemanha, República Checa, Países Baixos e Suíça.
Tendo em vista o modesto rendimento e estilo de vida dos cubanos, cabe indagar quem financia o requintado turismo. Nota Lamrani que “Sánchez não é uma opositora comum. Após viver dois anos na Suíça, decidiu voltar a Cuba e integrar o universo da dissidência. Em 1997, criou o blog Generación Y – traduzido para, pelo menos, 18 idiomas! –, no qual fustiga de modo virulento o sistema e o governo cubanos. Sua nova atividade tem sido coroada com êxito. No período de alguns anos, Sánchez recebeu diversas distinções, todas financeiramente remuneradas. No total, a blogueira recebeu uma remuneração de 250 mil euros, isto é, um montante equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial, e a 1.488 anos de salário mínimo em Cuba.”
“A isso”, acrescenta, “se soma o salário mensal de seis mil dólares concedido pela Sociedade Interamericana de Imprensa, que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, e que decidiu nomeá-la vice-presidente regional por Cuba de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação. O jornal espanhol El País também decidiu nomeá-la correspondente em Havana, e lhe paga um bom salário.
O governo dos EUA, cujo objetivo abertamente expresso é uma mudança do regime em Cuba por meio do financiamento de uma oposição interna, fez de Yoani Sánchez sua prioridade. Considera, em documentos confidenciais publicados pelo Wikileaks, que ´Yoani Sánchez pode desempenhar um papel a longo prazo em uma Cuba pós-Castro´.”
A blogueira contrarrevolucionária manteve reuniões secretas com diplomatas estadunidenses e com a subsecretária de Estado do governo Obama, Bisa Willians, durante sua visita a Cuba em setembro de 2010. Embora se apresente (e seja apresentada pela mídia burguesa) como uma defensora das liberdades, dos direitos humanos e da democracia, Sánchez não é mais que uma peça da engrenagem imperialista dos Estados Unidos, uma mercenária ricamente financiada para panfletar a ideologia do império, caluniar o socialismo cubano e defender a restauração do capitalismo.
A cruzada ideológica iniciada por Sánchez no Brasil ocorre num contexto histórico marcado pela crise do capitalismo, o declínio econômico e político dos EUA e as iniciativas de governos progressistas das Américas do Sul e Latina por uma integração soberana e solidária da região.
A Celac, presidida por Cuba e sem a presença dos EUA e Canadá, é sintomática da transição para um novo tempo que a maior potência imperialista do planeta quer deter e qualquer preço. A mercenária cubana é mensageira do retrocesso. Por isto, é incensada pela direita, seus partidos e sua mídia neoliberal e repudiada pelos representantes dos movimentos sociais e das forças progressistas.
Wagner Gomes* é presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)