Frente Palestina convoca o povo a fortalecer "unidade nacional" 

Nesta sexta-feira (22), a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) comemorou seu quadragésimo quarto aniversário e fez menção, em comunicado, ao “despertar patriótico.” A luta pela libertação da Palestina contra a ocupação promovida pelos sucessivos governos sionistas de Israel foi lembrada e fortalecida. 

Frente Democrática para Libertação da Palestina - Reuters

O comunicado político da FDLP, por ocasião da comemoração, ressaltou a firmeza do povo da Faixa de Gaza, desocupada militarmente em 2006 mas ainda sob forte bloqueio e constantemente atacada.

Lembrou também sobre a resistência dos palestinos encarcerados (muitos dos quais em greve de fome, em protesto contra as “detenções administrativas”, que os encarcera sem julgamento e por períodos renováveis, sob lei militar), e sobre o apoio internacional à sua causa, que lhes rendeu 134 votos favoráveis ao reconhecimento da Palestina como Estado observador não membro na Assembleia Geral da ONU, em novembro de 2012.

Sobre estes temas, o comunicado afirma serem “indícios que fazem indispensável a implementação de uma estratégia combativa nos terrenos da luta, da economia e da sociedade, no marco da batalha pela independência e pelo retorno”, em referência à reinvindicação histórica pelo direito ao retorno dos refugiados palestinos às terras de que foram expulsos desde 1948, quando da criação do Estado de Israel.

O comunicado menciona também a necessidade de unidade nacional, contra a divisão interna e pela definição da luta comum. E sobre a população palestina vulnerável, afirma: “reiteramos nosso chamado à neutralidade dos acampamentos de refugiados palestinos na Síria e a não envolvê-los no conflito interno, à permissão ao retorno de seus habitantes e à preservação [dos acampamentos] como zonas seguras.”

A comemoração do 44º aniversário da FDLP, segundo o comunicado, é um “novo amanhecer na história da Revolução, da Pátria e do Povo, um passo histórico na vereda da independência, da soberania e do retorno aos lares e às terras.”

Propostas para a unidade nacional

O comunicado faz referência à divisão política entre os partidos Fatah e Hamas, um no governo da Autoridade Palestina (AP), na Cisjordânia, e o outro no controle da Faixa de Gaza. Em 2006, após a vitória do Hamas nas eleições parlamentares, houve uma ruptura e confrontos armados entre os dois partidos. Em 2006, o Fatah retirou-se da Faixa de Gaza e os dois partidos permaneceram afastados, mas em 2011 assinaram o Acordo de Reconciliação do Cairo, que deu origem a uma série de negociações para a reaproximação, ainda incompleta.

“Os encontros do Cairo (em 9 e 10 de fevereiro de 2013) reafirmaram uma vez mais que a corrente da divisão dentro do Fatah e do Hamas segue sendo responsável (embora em diferentes níveis) por impedir todo o esforço de finalizar a divisão e da recuperação da unidade nacional, e que há elementos e forças árabes e regionais desempenhando um papel, por sua vez, para fomentar e promover a divisão,” afirma o comunicado. Por isso, “as forças nacionais e democráticas que velam pela unidade nacional estão convocadas, mais do que nunca, a continuar a sua marcha, a fortalecer seu papel e a robustecer a pressão popular no sentido de colocar fim ao estado de divisão e conseguir a recuperação da unidade nacional,” reafirma a FDLP.

As propostas do comunicado para a unidade nacional passam pelas “eleições democráticas, honestas e transparentes” tanto para o Conselho Nacional como para o Legislativo, com base na plena proporção percentual, assim como na unidade da respresentação palestina sob a bandeira da Organização de Libertação da Palestina (OLP) como único e legítimo representante do povo palestino.

O documento faz referência aos “indícios inequívocos que assinalam a necessidade imperiosa de adotar-se uma nova estratégia nacional de luta” diante do atual processo negociador com Israel e o Quarteto mediador (União Europeia, EUA, Rússia e ONU): “a firmeza do nosso povo na Faixa de Gaza frente à agressão israelense através da operação Cortina de Fumo [que durou 8 dias, em novembro de 2012], nossa vitória na ONU ao arrancarmos o reconhecimento do Estado da Palestina, delimitado pelas fronteiras de 4 de junho de 1967 [antes das expansões territoriais israelenses, durante a Guerra dos Seis Dias] e sua capital Jerusalém Leste, juntamente com a intensificação da luta contra a colonização e ocupação, e a firmeza do camarada e herói Samer Issawi [encarcerado em prisão israelense, sob detenção administrativa e, por isso, em greve de fome desde agosto passado].”

Estratégias internas e “Primavera” palestina

A FDLP defendeu também um processo de reformas políticas com bases democráticas, para implementar-se uma estratégia unificada para, entre outras coisas, “dotar a Faixa de Gaza de uma estratégia defensiva que fortaleça suas capacidades” para responder à agressão israelense. Neste marco, a frente afirma a necessidade de adoção de uma estratégia econômica e social para reestruturar a economia do povo palestino, de modo que “lhe permita possuir potencialidades de resistência nas batalhas nacionais.”

A esse respeito, o documento apela à libertação palestina das “ataduras dos protocolos de Paris”, e chama à criação de uma nova estratégia econômica e social que favoreça em sua maioria a criação de componentes” que permitam a resistência contra a ocupação, para “fortalecer as potencialidades dos operários e campesinos para fazer frente às dificuldades, proporcionar o apoio às zonas ameaçadas pela colonização e o avanço do muro, prestar maior atenção ao campo, consagrar a maior parte dos impostos em favor dos setores sociais mais pobres, combater o desemprego e unificar as políticas de seguro social e médico.”

Os movimentos espalhados pelo mundo árabe, chamados “Primavera Árabe”, também foram mencionados pelo comunicado da FDLP como uma força que impulsiona a causa palestina a tomar “um adequado e renovado lugar para acionar os povos, as agendas e preocupações dos governos árabes.” Por isso, a frente pede aos governos que acolhem refugiados palestinos que lhes proporcione “as dignas condições de vida até que se alcance o amanhecer do retorno à pátria.” Nesse sentido, o documento reafirma a importância de manter os acampamentos na Síria neutrais e alheios à guerra civil que se desenrola naquele país desde 2011.

“Filhos do nosso firme e paciente povo palestino”

A FDLP ressalta as mudanças ocorridas na região árabe, recentemente, resultadas das revoluções e levantes populares que seguem em sua luta para “alcançar os objetivos da sua revolução nacional democrática em meio a conjunturas sumamente complexas e abertas a todas as opções possíveis,” e por isso reafirma a importância das frentes unidas contra, por exemplo, forças políticas apoiadas nos interesses estadunidenses para a região.

Neste sentido, o comunicado político da frente prevê que a causa palestina “será testemunha de grandes mudanças e avanços, ao ser adotada pelos povos árabes,” no marco da luta contra a tirania, a dependência econômica e política do neoliberalismo globalizado “e suas alianças com a entidade israelense no exterior.”

A FDLP, ao celebrar seu 44º aniversário desde o “glorioso início de sua luta, saúda solenemente os grandiosos sacrifícios do nosso povo palestino, saúda a memória dos mártires heróis e todos os mártires da Palestina, da Nação Árabe e de todos os povos que lutam pela liberdade, pela soberania, a justiça social, a paz, a segurança e a estabilidade,” conclui o comunicado publicado pelo Escritório Político da Frente Democrática para a Libertação da Palestina.

Da Redação do Portal Vermelho