Em Portugal, protestos massivos contra austeridade e governo  

Os portugueses saíram às ruas de várias cidades, principalmente de Lisboa e do Porto, mais uma vez neste sábado (02), em manifestação contra as políticas de austeridade do governo de Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro pelo Partido Social Democrata (PSD). A organização das manifestações foi realizada pelo movimento “Que se lixe a Troika, queremos nossas vidas!”

Manifestantes portugueses em Lisboa - Que se lixe a Troika!

O movimento contabilizou cerca de 800.000 a 1,5 milhão de manifestantes em diversas cidades portuguesas e no exterior, e o diário português Público estimou o número de pessoas nas ruas de Lisboa em cerca de 180 mil. Entretanto, houve disputas em relação ao método de contabilização.

Já na Assembleia da República de 28 de fevereiro, o Partido Comunista Português (PCP) havia se manifestado contra a “troika” (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional): “é tempo de dizer basta às políticas da troika nacional e estrangeira, que só derrotando este governo e esta política poderemos criar condições para responder aos graves problemas que o país enfrenta.”

Na mesma semana, uma missão da "troika" havia se reunido com o governo para analisar indicadores macroeconômicos e discutir um corte de cerca de 4 bilhões de euros (R$ 11 bilhões) nos gastos públicos, inclusive sociais. A isso se seguiram protestos em várias cidades portuguesas e também em outros países da Europa onde há elevado número de imigrantes portugueses, como a França.

Os manifestantes entoaram a “Grândola, Vila Morena”, música composta por Zeca Afonso (cantor e compositor português popular para a esquerda progressista) e proibida durante a ditadura de António de Oliveira Salazar, mas que marcou o início da Revolução dos Cravos (que pôs fim à ditadura), em 1974, quando transmitida por rádio à 0h00 do dia 25 de abril.

Para João Ferreira, Membro do Comitê Central do PCP e Deputado no Parlamento Europeu, isso foi “mais do que uma poderosíssima condenação deste governo e da sua política, o que já não seria pouco, é uma demonstração de que os valores de abril são mais atuais do que nunca e mais necessários que nunca.”

Muitos manifestantes erguiam cravos enquanto cantavam, além de cartazes que exigiam a demissão do governo, a realização de eleições, e com afirmações como “O povo é quem mais ordena”, “Queremos trabalho; exigimos direitos” e "1/4 da população ativa no desemprego!”

Ferreira disse ainda que a manifestação foi “mais uma afirmação da exigência de pôr fim a este governo, a esta política,” para “dar a palavra ao povo, numa torrente política que cresce, engrossa, e que vai ter momentos importantes nos próximos dias 9, 15 e 27 deste mês.”

A Associação Nacional de Sargentos (ANS), a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e a Associação de Praças (AP) também participaram das manifestações contra as políticas do governo para a crise.

Em maio de 2011 o governo português assinou com a "troika" um plano que chamou de "inevitável": pela promessa de receber 78 bilhões de euros, comprometeu-se a aumentar os impostos (para pagar a dívida) e reduzir o gasto público até 2014.

Em 2012 os cortes previstos pela "troika" foram de 500 milhões de euros na Administração Central, 195 milhões da educação, 550 milhões da saúde, 445 milhões em pensões, 175 milhões no poder local, 150 milhões no subsídio de desemprego, 515 milhões no Setor Empresarial do Estado, 500 milhões em investimento e de 1% a 2% do pessoal no Estado, entre outros.

Com agências,
Da Redação do Portal Vermelho