Argentina: testemunhas dos voos da morte depõem em julgamento 

Na Argentina, continua nesta quarta-feira (6) o julgamento oral pelos crimes de lesa humanidade cometidos durante a ditadura militar entre eles os chamados "voos da morte". 

Cerca de 900 testemunhas deverão prestar depoimento sobre os crimes ocorridos no ano de 1976 na Escola de Mecânica da Armada (Esma). O processo denominado "megacausa Esma" investiga 789 delitos cometidos neste centro clandestino de detenção.

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Entre os acusados estão, pela primeira vez, oito aviadores navais e a prefeitura, que são acusados pela participação nos chamados "voos da morte", prática que consistia em jogar prisioneiros vivos no mar ou no Río de la Plata para convertê-los em desaparecidos

Os acusados de participarem desta  são Julio Poch, Emir Sisul Hess, Enrique de Saint George, Miguel García, Domingo D'Agostino, Ricardo Ormello, Miguel Clement e Mario Arrú. Poch, que se vangloriava para seus amigos de sua participação nestes atos, está envolvido no desaparecimento das freiras francesas Leonnie Duquet e Alice Domon.

Também pela primeira vez e no marco da própria megacausa Esma, comparecem diante os tribunais o ex-secretário da Fazenda da ditadura Juan Alemann e o advogado Gonzalo Torres de Tolosa.

Igualmente deverão responder por diversos crimes ainda não julgados Alfredo Astiz, Eduardo "El Tigre" Acosta e outros 16 integrantes do Grupo de Tarefas 3.3.2, que já foram condenados em processos anteriores.

O Esma foi o maior centro de detenção clandestina durante a ditadura cívico-militar argentina e segundo organizações de direitos humanos entre 1976 e 1979 cerca de 5 mil detentos, entre eles mulheres grávidas que tinham seus filhos roubados ao nascer.

Voos da morte

Em 1998, o grupo de rock argentino Bersuit Vergarabat compôs a música Vuelos, em homenagem ao jornalista Horacio Verbistky, autor do livro El Vuelo, que traz  uma investigação sobre os voos da morte.

Fonte: Prensa Latina