Maduro jura, no último adeus a Chávez, manter vivo seu legado

O presidente encarregado da Venezuela, Nicolás Maduro, prometeu, diante do caixão do comandante Hugo Chávez, voltar ao quartel da montanha, onde repousa os restos do líder da Revolução, no dia 15 de abril, como presidente constitucional da República Bolivariana da Venezuela para receber a bênção e continuar construindo a pátria.

Palacio de Miraflores/Efe

Presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Diosdado Cabello (dir.), discursa em cerimônia em homenagem a Chávez

“Dentro de um mês quero vir aqui, com meus companheiros, seus filhos (…) vamos amanhecer aqui, Comandante. O povo decidiu e só peço a Deus que dê luz ao povo e fortaleza para nós para cumprir suas ordens e neste 15 de abril estar aqui”, disse Maduro em seu discurso de rendição de honra a Chávez no Quartel Militar 4F, localizado no bairro popular 23 de Enero.

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Garantiu que permanecerão intactas a lealdade do povo e o compromisso que juraram ter diante da Revolução Bolivariana, estará também a integração das repúblicas regionais, hoje representadas pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, presente na cerimônia.

Em seu discurso, Maduro exortou os setores da direita a cessar seu ódio e seu rancor. E os pediu para refletir para que o amor prevaleça na pátria. “Aqueles que odeiam e celebram a morte nós, em nome de Cristo os chamamos para que cessem seu ódio e seu rancor. Basta de tanto ódio, basta de tanta mentira, de tanta hipocrisia. Que reine o amor. O amor dos guerreiros” ressaltou e finalmente destacou que o governo bolivariano que herda o legado de Chávez “não teme aos impérios, nem suas ameaças”.

Missão cumprida

“Aqui está todo um povo. Missão cumprida, Comandante! Amplamente cumprida, com dores, com sacrifícios, nem a doença o deteve. Não o deteve, nem ninguém vai deter nosso povo”, acrescentou Maduro.

E acrescentou: “companheiros, companheiras, agora é conosco, a missão é nossa, temos sua bandeira, sua causa, sejamos cristãos praticantes verdadeiros da causa dos pobres”.

Liberação da América Latina

Presente na cerimônia, Evo Morales, amigo pessoal de Chávez, garantiu que seguirá seus passos para conseguir uma “libertação definitiva de nossos povos”. Para o boliviano, “depois de Simón Bolívar, libertador da Pátria Grande, agora temos a Hugo Chávez, redentor dos pobres do mundo”.

Disse ainda que seu legado deve acompanhar a luta de “todos os povos do mundo que buscam sua libertação, dignidade e soberania”.

Eterno

Todos os dias os venezuelanos serão lembrados de que Chávez vive. Diariamente, às 16h45 será disparada uma salva de tiros para que o povo lembre que Chávez vive e a luta segue.

O corpo de Hugo Chávez foi transportado nesta sexta-feira (15) para o Quartel da Montanha, após 10 dias de homenagem ininterruptas realizadas na Academia Militar de Caracas. O trajeto de quase 2 horas (18 quilômetros), foi acompanhado por uma multidão de pessoas.

Diante da impossibilidade de embalsamar o corpo de Chávez, o Parlamento deveria debater uma moção nesta semana para uma emenda na Constituição para que seu corpo seja colocado no Panteão Nacional, perto dos restos mortais do líder da independência da Venezuela e vários outros países sul-americanos, Simon Bolívar. A Constituição estabelece que a honraria só pode ser concedida para líderes 25 anos após sua morte.

Mas o debate foi adiado em meio a conversas de que o corpo de Chávez pode ser levado para sua cidade-natal, Sabaneta, nos "llanos" (planícies), venezuelanas, cumprindo seu desejo de descansar ao lado da avó que o criou em uma casa de chão de barro.

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Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva, com agências