Presidente de sindicato no interior do MS e família são baleados

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Bela Vista (MS), Eugênio Benite, foi baleado, por volta das 9h30, na quinta-feira (21), dentro da sede da entidade, por um homem usando um capacete de motociclista. Sua esposa e sua filha, que estavam junto, também foram alvejadas.

O pistoleiro, armado, entrou na sede do sindicato, baleou Eugênio com tiros na perna, o que resultou em uma grave fratura; sua esposa, Fátima Benites, foi baleada com 1 tiro na cabeça e sua filha, Keilini Rocha, com 2 tiros no abdome e 1 na mão. Outro filho do casal, de 9 anos, presenciou toda a cena.

Eugênio Benites é assentado no Projeto de Assentamento Caracol, no município de Bela Vista. Há muitos anos denuncia a grilagem dos lotes do assentamento, que vem tendo sua área invadida por pessoas estranhas ao processo de reforma agrária, que inclusive vendem área de preservação permanente.

Há cerca de seis anos, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) entrou com uma ação possessória, conseguindo liminar na Justiça Federal. No entanto, apesar de acompanhado por policiais federais, o despejo não prosperou, uma vez que os invasores impediram a ação com ameaças aos oficiais de justiça e uso de máquinas e equipamentos.

Desde então, nada foi feito para assegurar a concretização do despejo, apesar da denúncias feitas pelo sindicato continuarem.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) acionou a Ouvidoria Agrária e o INCRA visando providências urgentes e, em conjunto com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Mato Grosso do Sul (Fetagri–MS), continua reunindo mais informações para adotar todas as providências visando a correta apuração do crime com a punição dos responsáveis e, também, a regularização do projeto de assentamento Caracol.

“Nós não admitimos que crimes como esse aconteçam pela pacificação do Estado. É preciso que a polícia apure e que seja garantida a segurança dessa família. Reconhecemos o esforço desse dirigente para fortalecer o processo de reforma agrária amplo, massivo e com transparência”, disse o secretário de Política Agrária da Contag, Willian Clementino.

“Nós ficamos abalados com esse lamentável crime, principalmente por ocorrer na sede do Sindicato. Isso mostra a audácia desses criminosos. Vamos denunciar o ocorrido nos âmbitos nacional e internacional. Não vamos nos calar até que se descubra os mandantes e o executor. Mais uma vez acontece um crime com lideranças do campo porque os conflitos agrários não são resolvidos. Dessa forma, dificilmente conseguiremos acabar com a violência no campo”, analisou o presidente da Contag, Alberto Broch.

Com informações da Contag