Protesto em Guantânamo completa 45 dias, ainda sem respostas 

A greve de fome de vários reclusos contra os castigos na controvertida base militar estadunidense de Guantánamo, em território cubano, cumpre 45 dias nesta sexta-feira (22) e pode se estender ante as tentativas de Washington de minimizá-la. Apesar disso, não há previsão para uma abordagem efetiva ao assunto, já que os EUA têm mecanismos legais que impedem a transferência dos detidos e propostas políticas permissivas com relação à tortura.

A ação de protesto começou no passado 6 de fevereiro com seis prisioneiros do grupo denominado Campo Seis, mas com o passar dos dias radicalizou e somou 25 participantes.

A base naval que os EUA mantêm em território cubano contra a vontade das autoridades e a população caribenha abriga uma prisão desde 2001, para encerrar sem processo judicial prévio todos os considerados suspeitos de terrorismo.

Estima-se que 166 pessoas estejam confinadas nesta instalação, depois de terem sido capturadas no estrangeiro e que quase todos estão lá em média há 11 anos sem enfrentar acusações concretas.

De acordo com Omah Farah, advogado de alguns grevistas, o protesto surgiu em rechaço à aplicação de severas medidas disciplinares como o confinamento por tempo indefinido, as contínuas revistas aos pertences pessoais e a confiscação de cópias do Corão, que é sagrado para os muçulmanos.

O jurista denunciou que a ocupação destes textos é considerada uma profanação da fé religiosa dos presos, em sua maioria procedente de nações árabes.

Farah também classificou de irresponsável a insistência de autoridades militares dos EUA de subestimar o incidente e alertou que esta atitude só colocará em perigo as vidas e a saúde dos detidos.

“Os prisioneiros sabem que os militares da base minimizam a magnitude do protesto pacífico, por isso o intensificam”, disse.

Segundo o porta-voz do centro de detenção, o capitão Robert Durand, dois grevistas continuam hospitalizados por desidratação severa, enquanto outros oito recebem uma mescla de nutrientes líquidos para evitar um agravamento da saúde pela perda excessiva de peso.

Por outro lado, o chefe do comando estadunidense na base-prisão admitiu que os reclusos iniciaram a greve porque estão frustrados pela falha da Casa Branca em fechar este centro.

O presidente Barack Obama comprometeu-se durante a campanha eleitoral de 2008 em fechar a instalação, mas não cumpriu a promessa em sua primeira gestão nem tampouco tocou no assunto depois de reeleito, no ano passado.

Em 2012 o Senado estadunidense aprovou um mecanismo legal que impede que o Estado invista no transporte dos detidos de Guantánamo para os Estados Unidos, o que é uma manobra ainda mais ampla e bastante controversa para impedir que eles sejam julgados conforme o direito internacional.

O centro é considerado por organizações humanitárias como um moderno campo de concentração onde a população carcerária passa por diversas modalidades de tortura, como o isolamento em celas com temperaturas extremas, ou são deixados amarrados em posição fetal por mais de 24h sem alimentos.

Além disso, também a simulação de afogamento (waterboarding) tem sido discutido por políticos nos EUA como um “método avançado de interrogatório” legítimo. O tratamento desumano e criminoso dispensado aos detidos já foi alvo de condena por diversos líderes mundiais e organizações internacionais.

Com Prensa Latina,
Da Redação do Vermelho