Cisjordânia: Obama defende retoricamente "dois Estados" em paz 

Em seu segundo dia de visita à região, o presidente dos EUA Barack Obama chegou nesta quinta-feira (21) à Cisjordânia, onde se encontrou com o presidente da Autoridade Palestina (AP) Mahmoud Abbas. No dia anterior, soldados israelenses prenderam 5 palestinos de várias cidades da Cisjordânia, e vários protestos contra a presença de Obama têm sido registrados. 

Protestos na Cisjordânia contra Obama - Al-Jazeera

Em escalada, a prisão cotidiana de jovens palestinos por toda a Cisjordânia tem sido denunciada diariamente, assim como a invasão e revista das casas e locais de trabalho dos jovens, que são levados para interrogatório em centros de detenção israelenses.

Há indícios de que as práticas fazem parte de uma estratégia de desmobilização, para que a possibilidade de um levante contra as forças de ocupação sionista seja anulada. Ainda, a visita de Obama já foi declarada por membros do Hamas, na Faixa de Gaza, como fator de aumento das tensões, já que o governo estadunidense é considerado cúmplice da política de ocupação e de ofensivas militares contra aquele território.

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Na Cisjordânia, Obama encontrou-se com o presidente palestino Mahmoud Abbas na cidade administrativa Ramallah, encontro em que também estava o primeiro-ministro Salaam Fayyad. Ambos são membros do partido Fatah, que governa na Cisjordânia a Autoridade Palestina.

A visita é criticada amplamente pelo “apoio incondicional” garantido por Obama a Israel (fruto por exemplo da pressão exercida pelo lobby judeu nos EUA, Aipac) e pela falta de vontade de influir construtivamente na solução do conflito israelo-palestino.

"Dois Estados" em paz

Obama disse, mais uma vez retoricamente, que “o comprometimento dos EUA é com a efetivação de dois Estados. Buscamos um Estado Palestino independente, viável e contíguo, ao lado do Estado de Israel, para que os dois experimentem prosperidade e paz.”

Não há previsões para a realização de diálogos importantes sobre eventual retomada do processo de paz, estagnado ao menos desde 2010. Ainda, desde 2008 líderes palestinos dizem recusar-se a manter negociações diretas com Israel até que o governo pare de construir assentamentos judeus em seu território.

Entretanto, durante a visita à Cisjordânia, Obama disse que quer “ambos os lados fazendo o que puderem para construir um senso de confiança”, e que os EUA façam o que puderem para tanto. Também disse ter conversado com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sobre os assentamentos em território palestino, quando afirmou que não considera as construções “construtivas”.

Por outro lado, também disse “entender que a política israelense é complicada”, e que isso não será resolvido “do dia para a noite”.

A prática chegou a ser condenada pela antiga secretária de Estado, Hillary Clinton, e até congelada por 10 meses, de acordo com exigências internacionais, mas não sofreram consequências quando retomadas, ainda com mais vigor depois de os palestinos terem pedido e ganho reconhecimento oficial na ONU, como “Estado observador não-membro”, em novembro de 2012.

Quando chegou a Israel, nesta quarta-feira (20), o presidente estadunidense fez um discurso marcado pelas declarações de “laços eternos” entre os EUA e Israel e de priorização da “segurança” deste Estado, embora isso signifique continuar permitindo os crimes cotidianos cometidos pelo governo sionista contra todo o povo palestino.

Da Redação do Vermelho