Manifestantes rejeitam novo acordo de resgate para o Chipre

Centenas de cipriotas protestaram em frente ao Parlamento contra um novo plano de resgate acordado pelo Governo com a União Europeia (UE) e os credores internacionais, indicou nesta segunda-feira (25) a emissora de televisão do Estado.

Convocados pelo Partido Comunista AKEL, pelo socialista EDER e também por centrais sindicais de esquerda, os manifestantes, que protestaram de forma pacífica, recusaram o acordo para fechar o Laiki Bank (Banco Popular), o segundo maior banco da ilha, e taxar em 20% os depósitos superiores a 100 mil euros, assim como reestruturar a maior instituição financeira desta ilha, o Cyprus Bank.

Os manifestantes exibiram cartazes que diziam: "Os trabalhadores não podem pagar pelos erros dos bancos", "Não somos os escravos do século 21" e "(Angela) Merkel, fora do Chipre", em alusão aos esforços da chanceler federal alemã para impor o citado plano.

O acordo atingido na última hora em Bruxelas, depois de longas sessões do Parlamento e negociações do Governo, eliminou o imposto extraordinário de 6,75% previsto a princípio para as contas com depósitos entre 20 mil e 100 mil euros, os chamados pequenos correntistas.

No entanto, meios da imprensa local comentam que a arrecadação compulsória de 5,8 bilhões de euros, como condição para a entrega de um resgate de 10 bilhões de euros, poderia acabar definitivamente com o esquema atual da economia cipriota.

Alguns analistas, citados pela televisão local, consideram que entre 30 e 40 mil médias e pequenas empresas poderiam ir à falência ao registrar grandes perdas com o acordo feito com a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu (a troika).

O sindicato de trabalhadores bancários convocou recentemente uma demonstração em frente ao legislativo para protestar contra as demissões provocadas pelo fechamento do Laiki Bank, o segundo do país, e em oposição a que os trabalhadores sejam os encarregados de pagar pelos erros dos banqueiros.

De Moscou, as primeiras reações das autoridades referem-se a um despojamento dos correntistas sem precedentes, pois calcula-se que um terço dos mais de 70 bilhões de euros em ativos das entidades financeiras cipriotas pertence a cidadãos russos.

A presença na ilha de quase 40 mil cidadãos russos converteu-se nos últimos anos, em base para diferentes empregos, aumento da geração de renda pelo turismo, dos pagamentos imobiliários, enquanto essa comunidade encontra-se entre os maiores clientes do Chipre como paraíso fiscal, estima a imprensa local.

Fonte: Prensa Latina