Brics: Contrapeso à atual ordem econômica mundial?

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – os chamados Brics – decidiram construir uma agenda própria e inserir-se na atual ordem econômica global como uma alternativa para o desenvolvimento, o crescimento, a cooperação e o comércio, entre outros temas.

Por Alberto Corona, na Prensa Latina

Os líderes destas cinco potências emergentes se reuniram na semana passada na cidade sul-africana de Durban, às margens do Oceano Índico, com o objetivo de consolidar uma aliança estratégica com maior implicação na economia mundial e na política internacional.

Para isso, o Brics decidiu criar um banco de desenvolvimento próprio, que mobilizará recursos nacionais para financiar projetos de infraestrutura e fomentar o desenvolvimento sustentável em países emergentes e em vias de desenvolvimento.

Esta iniciativa pressupõe um desafio ao domínio do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, entidades que para o grupo são excessivamente controladas pelos Estados Unidos e a Europa.

Por outro lado, especialistas consideram que esses dois organismos multilaterais, nascidos dos acordos de Bretton Woods depois da 2ª Guerra Mundial, já não refletem a nova realidade internacional.

Dessa maneira, a criação do banco do Brics surge da necessidade de financiamento interno, que segundo cálculos de economistas poderia superar os US$ 15 trilhões nos próximos 20 anos.

Inclusive esta aliança – na opinião de especialistas – superaria em certa medida a dependência que têm estas cinco nações emergentes das principais economias do mundo.

Um fator nada desprezível, se se tem em conta que o Brics gerou cerca de 20% do rendimento econômico mundial e em um tempo previsível poderia duplicar esse percentual, de acordo com economistas.

Em 2012 o bloco representou 21% do produto interno bruto global e seu comércio ascendeu a US$ 282 bilhões, ao passo que dispõe de 42% da população mundial e 45% da força de trabalho do planeta.

Outro fator a destacar é que o Brics também decidiu interconectar-se por meio de cabos submarinos e criar uma reserva de risco para o comércio e o desenvolvimento.

Com isso se busca promover uma maior cooperação entre os cinco países, ao tempo em que se aprofundam e promovem os vínculos econômicos, comerciais e os investimentos.

Para analistas, esta reserva daria mais autonomia ao Brics, já que poderia fazer frente a dificuldades na balança de pagamentos e ser utilizada como uma ferramenta de estabilização econômica em tempos de crises financeiras globais.

Mais além dos aspectos econômicos, o bloco também adquiriu um crescente peso em nível geopolítico.

Uma mostra disso é o chamamento que fizeram ao Brics o presidente sírio, Bashar Assad, assim como organizações de direitos humanos, para que utilize sua influência para pôr fim ao conflito nesse país do Oriente Médio.

Enquanto isso, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez em Durban um chamamento a fortalecer as alianças de cooperação do bloco em assuntos como a segurança, o tráfico de drogas e a luta contra o terrorismo.

Para o Brics, é crucial – para além das diferenças que possam existir – fomentar ações conjuntas a fim de enfrentar os desafios e ameaças dos tempos atuais.