Ato contra Golpe Militar de 1964 reúne centenas na Cinelândia

 Esta segunda-feira, 1 de abril de 2013, marca o quadragésimo nono aniversário da implantação golpista da ditadura militar brasileira. Em todo país, a sociedade foi às ruas para protestar contra esse atentado à democracia e à soberania do nosso povo, clamando por Verdade, Memória e Justiça e reafirmando o desejo de viver em uma pátria livre.

ato contra golpe

*Por Bruno Ferrari

 No Rio de Janeiro, não foi diferente. Nesta tarde, centenas de manifestantes de diversas entidades, organizações, partidos políticos e da sociedade civil, estiveram reunidos na histórica praça da Cinelândia, palco emblemático das lutas sociais do povo brasileiro. O ato aconteceu bem em frente ao Clube Militar, onde ano passado os militares realizaram uma comemoração da fatídica data, atentando contra a memória do povo brasileiro.

Nesse ano, os militares não protagonizaram esse ato desrespeitoso e a manifestação foi pacífica, construtiva e democrática. Representantes de todas as forças que ali estavam tiveram oportunidade de fazer uso da palavra e de ampliar essa importante unidade que busca o desencobrimento de todas as atrocidades da ditadura militar e a punição dos agentes e colaboradores do regime fascista brasileiro.

O ato saudou a democracia e prestou apoio à Comissão Nacional da Verdade, que investiga os crimes da ditadura e que frequentemente tem sido vítima de ataques de militares e de organismos coniventes com as barbáries ditatoriais. Os manifestantes tremularam suas bandeiras, levantaram suas palavras de ordem e deixaram claro o anseio do povo brasileiro pela Verdade do período tenebroso que assolou o país por 21 anos.

A presidenta da União da Juventude Socialista no Rio de Janeiro (UJS-RJ), Flávia Calé, falou : "Essa atividade busca registrar, consolidar na memória, na história, a nossa versão sobre o que significou a ditadura brasileira; lembrar nossos mortos que perderam a vida justamente empunhando a bandeira da liberdade, da igualdade e da democracia. É fundamental disputarmos essa perspectiva na juventude, a perspectiva de que a ditadura foi um mal que devemos entender profundamente como aconteceu, como se operou, para que nunca mais se repita na história do nosso país".

A Deputada Federal Comunista, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), estava em outro ato deste 1° de abril, na CBF, contra o presidente da entidade, José Maria Marin – que teve participação no regime ditatorial brasileiro; mas foi representada na Cinelândia por Caíque Tibiriçá, que lembrou do episódio em que Marin, então deputado, afirmou que a TV Cultura estava tomada por comunistas e ordenou a prisão do jornalista Vladimir Herzog, que poucos dias depois foi brutalmente assassinado pelas mãos dos militares. Caíque ainda salientou: "Ao lado da Verdade estamos perfilados, ao lado daqueles que querem a justiça, pois tortura não prescreve. Ditadura nunca mais, tortura nunca mais".

O vice-presidente do Partido Comunista do Brasil no Rio de Janeiro (PCdoB-RJ), João Batista Lemos, afirmou: "Eles pensaram que iriam parar a roda da história. Eles, o imperalismo, as classes dominantes; mas a vida mostrou que é impossível parar essa roda, porque a classe trabalhadora, as forças progressistas, sempre vão lutar por liberdade, pela justiça social desse país. Por isso estamos aqui, com a vitória de Lula e a continuidade de Dilma, na luta por um projeto nacional de desenvolvimento que vai abrir caminho para o Socialismo. Esse ato é importante para resgatar a memória, para que nunca mais aconteça no Brasil tortura, assassinato, daqueles que lutam pelo nosso país", finalizou o líder comunista.

O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, bradou: "Hoje é o dia da mentira que foi contada ao nosso povo há 49 anos atrás, não queremos só um ajuste de contas com o passado, queremos que a memória de tantos brasileiros possa ser resgatada. Vamos honrar na prática o sacrifício desses herois nacionais; precisamos manter o povo unido nessa luta, na luta pela Verdade"

O presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ), Igor Mayworm, declarou: "Estamos aqui para afirmar que não aceitaremos mais tortura, não aceitaremos mais ditadura; estamos aqui dando todo apoio à Comissão Nacional da Verdade. Estamos aqui para exigir que os torturadores, golpistas, sejam revelados à sociedade e punidos. Não vamos arredar os pés das ruas enquanto os capítulos turbulentos de nossa história sejam esclarecidos e que todos os torturadores sejam punidos", finalizou o líder estudantil.

Esse importante e plural ato foi organizado pela AMES; Articulação Estadual por Memória, Verdade e Justiça; Coletivo de Ação Ericson Pires; Consulta Popular; CTB; JSB; Levante Popular da Juventude; Movimento Estudatil Popular Revolucionário; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Nação Hip Hop Brasil; PCdoB; PSB; PT; Sindicato dos Petroleiros, UEE, UJS, CUT-RJ; Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça; UNE, UEES.