Acampamento Hugo Chávez pressiona retomada da reforma agrária

O Acampamento Nacional Hugo Chávez, que começou no dia 5 de março em Brasília, com 400 militantes de todo o país, tem funcionado com o objetivo de denunciar a paralisação da reforma agrária e o avanço do agronegócio no Brasil. Às 18 horas desta terça-feira (2), o MST realiza ato em defesa da reforma agrária no acampamento, reunindo diversas entidades e parlamentares.

Acampamento Hugo Chávez pressiona retomada da reforma agrária - MST

"No Brasil, a reforma agrária segue paralisada. O governo Dilma entrou para a história, com o pior índice de desapropriação de terras dos últimos 20 anos, apenas 31 novas áreas. Estamos acampados permanentemente em Brasília para pressionar o governo, pois queremos a realização da reforma agrária como modelo de desenvolvimento viável para o campo", afirma Amanda Mateus, da coordenação do MST.

Atualmente existem no Brasil mais de 150 mil famílias acampadas. Destas, 90 mil são do MST. No governo Dilma apenas 31 novas áreas foram desapropriadas, totalizando somente 72 mil hectares. Enquanto isso, mais de 309 milhões de hectares de terras estão sob o domínio do agronegócio.

Segundo Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, o Acampamento é reflexo da conjuntura de ofensiva do capital no campo, e é um instrumento fundamental de pressão ao governo para que assente de imediato as 90 mil famílias acampadas no Brasil.

"É necessário intensificar a luta permanente contra o agronegócio e a favor da reforma agrária. O Acampamento Nacional Hugo Chávez é uma ferramenta crucial para pressionar o governo a retomar o processo de desapropriação de áreas para reforma agrária", diz.

Para Conceição, os números alarmantes são resultado da política protecionista do Estado brasileiro ao latifúndio. "É inadmissível que o governo continue fortalecendo o modelo de agronegócio no campo, enquanto que a reforma agrária segue sendo sucateada e fora de sua pauta. A democratização da terra é fundamental para garantir a modificação da estrutura da propriedade da terra no país e de fato consolidar um modelo de desenvolvimento viável para o campo, que defendemos ser a reforma agrária", salienta.

“Precisamos nos mobilizar permanentemente. Portanto, não só aqui em Brasília, mas em todos os outros estados durante esse ano, realizaremos mobilizações de forma que a gente possa ter êxito em nossas reivindicações", ressalta Luiz Ferreira, da coordenação estadual do MST na Bahia.

Concentração de terra

O Brasil é o segundo país que mais concentra terras no mundo, perdendo apenas para o Paraguai. A expansão do agronegócio coloca a terra como ativo econômico e a serviço da especulação do mercado internacional.

O Brasil é também o maior consumidor de agrotóxicos pelo 5° ano consecutivo. O Brasil consome 19% de todo o agrotóxico produzido mundialmente. Esse uso indiscriminado e intensivo de agrotóxicos contaminam a produção dos alimentos que comemos e a água que bebemos. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 30% dos alimentos consumidos pelos brasileiros são impróprios para consumo pelo excesso de veneno nas comidas.

O acampamento permanente também tem o objetivo de fortalecer o projeto de agricultura agroecológica junto à sociedade, às universidades e escolas, para que se possa de fato debater com esses setores "como o agrotóxico, que está atrelado ao agronegócio, tem afetado o campesinato, e como a agroecologia, que está ligada à reforma agrária, reflete no cotidiano dessas pessoas", comenta Ferreira.

Para Ferreira, atrelado à democratização da terra, também é preciso que o governo realize um programa de desenvolvimento dos assentamentos, com investimento público para crédito rural e infraestrutura em áreas de reforma agrária. Isso garantiria aos assentados, segundo o Sem Terra, a viabilidade de uma vida digna no campo, com acesso à educação, saúde, saneamento básico, crédito agrícola e habitação rural de qualidade.

Da Redação em Brasília
Com informações do MST