Requião critica mídia por tratamento diferente a ex-presidentes

A mídia tem cumprido "com maestria” seu papel de líder e guia da oposição no país, disse o senador Roberto Requião (PMDB-PR) ao criticar a mídia do país por condenar as viagens internacionais realizadas pela presidente Dilma Rousseff e pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, enquanto exaltam a mesma prática quando adotada pelo ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.

Em seu discurso nesta segunda-feira (1º), Requião leu artigo publicado no blog do jornalista Luís Nassif, no último dia 24 de março, listando as viagens internacionais de FHC e suas motivações. No artigo intitulado “As viagens de FHC e Lula e a escandalização seletiva”, o autor, Hugo Carvalho, diz que o ex-presidente tucano tem feito viagens custeadas por grandes empresas beneficiadas em seu governo e, em suas palestras, fala mal do país.

De acordo com o artigo, empresas patrocinam palestras do líder político e contribuem com recursos para o instituto que leva seu nome e destina-se a preservar sua memória. Em contrapartida, afirma o texto, a presença do ex-presidente ajuda as empresas patrocinadoras a captar investimentos e ganhar mercados. Essas viagens, no entanto, ressaltou Requião, ganham na grande mídia repercussão diferente das viagens feitas pelo ex-presidente Lula.

“A Folha sugere ao Ministério Público que promova uma ação para alguém devolver gastos indevidos com horas extras de motoristas e deslocamento de funcionários nas embaixadas por onde Lula passou. Mas não se comove com o fato de a estatal paulista Sabesp ter pingado R$500 mil na caixinha do Instituto FHC”, disse Requião, citando o texto publicado no site de Luís Nassif.

O artigo lido pelo senador ressalta ainda que Fernando Henrique, em suas palestras, tem feito críticas duras à política econômica adotada no país. O ex-presidente teria dito durante as viagens que a corrupção cresceu no Brasil, que baixar a taxa de juros pode ter consequências negativas para o país e que avanços implementados em sua gestão não estariam tendo continuidade. A propaganda do país no exterior, então, estaria sendo mais negativa do que positiva.

Na avaliação do senador, a Folha “perdoa” tudo o que é feito pelo ex-presidente sociólogo, mas não dá o mesmo tratamento ao presidente torneiro mecânico. Seria "o medo da aristocracia brasileira do crescimento das classes mais pobres, promovido pelo Lula e ampliado pela presidente Dilma".

De Brasília
Márcia Xavier