Reunido em Caracas, Foro de São Paulo declara apoio a Maduro

O comandante Hugo Chávez deu maior força à visão de poder popular dos movimentos revolucionários, de esquerda e progressistas da Venezuela e América Latina, legado que foi reconhecido nesta segunda-feira (1º) pelo comitê executivo do Foro de São Paulo, que realizou uma reunião extraordinária em Caracas.

O acervo político do líder revolucionário também é uma das bandeiras do candidato socialista, Nicolás Maduro, que expressou que um dos ensinamentos mais importantes de Chávez para um movimento que busca fazer uma revolução é "ter uma visão da construção e tomada do poder político", para que este seja do povo.

"Há que somar todas as forças de uma nação para conseguir tomar e tirar o poder da burguesia, como se fez aqui; essa burguesia não voltará mais", asseverou Maduro, que agradeceu o apoio dado pelos membros do foro e afirmou que se for eleito presidente da República em 14 de abril, continuará impulsionando o legado do líder da Revolução Bolivariana.

Durante a atividade, realizada no Quartel da Montanha, foi lida a declaração final da reunião. Nela, os membros do Foro de São Paulo ratificaram seu respaldo ao candidato socialista e sua plena convicção de que "as causas de Hugo Chávez triunfarão”.

"Para nós, Chávez é companheiro de luta, que trabalhou ombro a ombro com seu povo na construção de uma Venezuela próspera, democrática e soberana, e por um mundo melhor", afirma-se no texto.

Nesse sentido, o Foro de São Paulo fez um chamamento ao conjunto da esquerda latino-americana e caribenha para defender as transformações políticas, sociais e econômicas impulsionadas por Chávez e desencadear uma campanha de solidariedade com a Venezuela e em apoio à candidatura de Nicolás Maduro.

"Os partidos políticos integrantes do Foro de São Paulo manifestam sua solidariedade com o direito do povo venezuelano a escolher seu destino e alerta o mundo para a estratégia dirigida pelo imperialismo e seus aliados de questionar o triunfo eleitoral de Nicolás Maduro, em 14 de abril próximo", indica a declaração.

Durante a reunião, o presidente do capítulo Venezuela do Parlamento Latino-americano, Rodrigo Cabezas, anunciou que o 19º encontro do Foro de São Paulo, que se realizará em São Paulo em julho do ano em curso, prestará homenagem a Chávez.

Juventude

Igualmente, as juventudes das organizações e movimentos que integram o Foro de São Paulo divulgaram uma declaração em apoio à Revolução Bolivariana, ao legado do presidente Hugo Chávez e ao candidato socialista Nicolás Maduro.

"Desde o coração de Chávez e da pátria grande latino-americana e caribenha, as juventudes dos partidos políticos e os membros do Foro de São Paulo apoiamos de maneira unânime e decidida Nicolás Maduro, candidato da Revolução Bolivariana nas próximas eleições na Venezuela no próximo 14 de abril", diz o texto.

Luta anti-imperialista

Diante das novas perspectivas da esquerda, Nicolás Maduro expressou que a América Latina se encontra no momento de maior expansão de suas lutas independentistas frente ao imperialismo dos Estados Unidos.

"Este é o momento de maior expansão das lutas da nova independência da América Latina, frente à hegemonia e dominação imperial estadunidense. Hoje podemos dizer, diante do comandante Chávez, que o caminho apenas começa nesta nova fase. É auspicioso saber que o povo venezuelano está há 14 anos lutando, resistindo e vencendo todas as formas de conspiração e intervencionismo do imperialismo norte-americano", disse.

Maduro recordou que um dos antecedentes deste processo sul-americano e caribenho é a Revolução Cubana. "Nós queremos recordar isto e mandar nossa saudação mais carinhosa de reconhecimento, pois naquele 1º de janeiro de 1959 (data em que triunfou esta revolução), cravou-se a primeira estaca, libertou-se o primeiro território e a partir dali se gerou a dinâmica política e ideológica para dizer que era necessário resistir, lutar e vencer", explicou Maduro.

O candidato ressaltou ainda que a América Latina e o Caribe se voltam para os valores socialistas que Chávez promoveu.

"Mediante valores socialistas deu-se início à defesa da educação, da saúde, da segurança social dos povos", disse Maduro, antes de reafirmar que esses pilares sociais dependem "do papel poderoso que o Estado tem que desempenhar para dirigir e desenvolver as economias de nossos países".

Escola latino-americana

Os aportes de Chávez para a transformação da esquerda latino-americana também colheram seus frutos fora da Venezuela.

"O fim da injustiça será o triunfo da luta que Chávez liderou", expressou Carlos Fonseca, secretário adjunto da Frente Sandinista de Libertação Nacional da Nicarágua (FSLN) e filho de um de seus fundadores, Carlos Fonseca Amador.

O dirigente nicaraguense, integrante do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo reunido em Caracas, alertou para a campanha da direita latino-americana que tergiversa sobre o significado do chavismo e tenta atribuir-lhe o divisionismo. A respeito, esclareceu que a polarização é consequência da injustiça que nada tem a ver com o processo revolucionário venezuelano e latino-americano.

"Diante destes ataques, temos que responder com firmeza que a grande verdade é que o fator de divisão é a exploração e a opressão. O que ocorre é que quando as vítimas se rebelam, torna-se visível a divisão que a injustiça desse sistema gera, é sobre essa base que se faz a revolução", analisou Fonseca.

Por sua vez, a parlamentar equatoriana Dora Aguirre expressou que a Revolução Cidadã do Equador é parte da escola da Revolução Bolivariana.

Ela indicou que o movimiento Aliança País recolheu em seu seio as lutas sociais e históricas dos setores indígenas, camponeses, afrodescendentes, populações imigrantes, das mulheres, etc. Assim, mantém um "espírito de busca permanente da equidade, da liberdade, da soberania e da justiça social".

Instrumentos das lutas populares

O chanceler da República, Elias Jaua, recordou no encontro ensinamentos que deixou o líder socialista, que concebeu a organização através da formação de partidos políticos como um instrumento das lutas populares.

"Os partidos de esquerda são um instrumento para destruir a burguesia, para a luta do povo contra a burguesia, por isso a insistência no tema. Depois de conquistado o poder, não se deve renunciar a ele, pois o poder é para o povo. Esta é a tarefa que temos hoje, honrando Chávez", afirmou.

Jaua resgatou ainda a noção de que a esquerda deve ter como centro de sua ação a luta pelo poder político, e que "a esquerda latino-americana e caribenha não pode renunciar a seu papel histórico de lutar pelo poder político para o povo".

O Fórum de São Paulo é uma articulação de partidos de esquerda latino-americanos e caribenhos. Do Brasil, participam o Partido dos Trabalhadores (PT), que ocupa a secretaria executiva, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB).

AVN / Blog da Resistência www.zereinaldo.blog.br