Impopularidade: Hollande afunda em meio a escândalos

Com uma impopularidade cada vez maior, cuja causa tem a ver com o modo como a social-democracia trata a crise econômica, o presidente francês François Hollande procura evitar maiores danos ao seu governo depois de polêmicas fiscais em torno de ex-ministro do Orçamento e ex-tesoureiro de campanha.

Já tendo que enfrentar a crise econômica e com o índice de aprovação mais baixo desde que foi eleito, há 11 meses, Hollande procura reaver a confiança em seu governo, contaminada pela revelação de que seu ex-ministro do Orçamento mentiu – para ele e para o Parlamento – sobre a existência de uma conta pessoal no exterior.

A confissão de Jérôme Cahuzac, que renunciou ao cargo em 19 de março, foi feita na terça-feira (3). Desde dezembro, ele vinha negando categoricamente, inclusive diante do Parlamento, ter uma conta não declarada na Suíça (depois transferida para Cingapura), como denunciara a imprensa francesa. Cahuzac foi indiciado por fraude fiscal e lavagem de dinheiro.

A revelação caiu como uma bomba para os "socialista" Hollande, que durante a campanha eleitoral prometeu um governo exemplar. A oposição exige, agora, a substituição de todo o Gabinete. Na quarta-feira, em pronunciamento na TV, o presidente francês declarou não saber da existência da conta, que continha 600 mil euros.

"Ele enganou o mais alto escalão do Estado, o presidente, o governo, o Parlamento e, assim, também os franceses", disse Hollande.

E o pesadelo se agravou nesta quinta (4), com a denúncia de que o tesoureiro de sua campanha e seu homem de confiança, Jean Jacques Augier, é suspeito de ter feito investimentos obscuros no exterior.

Durante esta semana os meios de comunicação internacionais fizeram denúncias contra Augier baseadas em 130 mil documentos secretos sobre paraísos fiscais. No dossiê, há uma lista com o nome de milhares pessoas de 170 países envolvidas em supostas transações ilegais – e o nome do tesoureiro da campanha de Hollande aparece entre eles.

Aprovação em queda

Os escândalos expõem a contraditória trajetória do Partido Socialista francês, de cunho social-democrata e que prometeu em campanha combater energicamente a corrupção. Para agravar, os acontecimentos também revelam como os pretensos socialistas tratam a crise econômica.

A população francesa não está satisfeita com os rumos do governo. Em uma pesquisa de opinião realizada para a revista Figaro, Hollande recebeu apenas 30% de aprovação no mês de março, número mais baixo desde que chegou ao poder e inferior ao registrado por seu antecessor, o direitista Nicolas Sarkozy, após um ano no poder. A enquete foi feita antes de o escândalo vir à tona.

Com agências