Jornalista israelense é acusada de "incitação" ao defender palestinos 

O Conselho dos Assentamentos na Cisjordânia exigiu a abertura de uma investigação policial contra o jornal israelense Ha’aretz e a sua correspondente e colunista Amira Hass, após ter publicado um artigo, nesta quarta-feira (3), em que falou da ação dos palestinos de jogar pedras contra soldados israelenses como um meio de autodefesa. 

Jornalista do Ha'artez Amira Hass - Paul S. Graham

Nesta quinta-feira (4), o jornal Ma’ariv afirmou que o secretário-geral e o chefe regional do Conselho tinham submetido denúncias escritas à polícia de Jerusalém, exigindo uma investigação do jornal Ha’aretz e da jornalista, alegando que o artigo incita a violência.

O relatório do Conselho afirma que “o artigo celebra e elogia os ‘atiradores de pedras’ e dá a eles o direito de fazê-lo, mas ignora o fato de que lançar pedras é uma violação perigosa e arrisca a vida de residentes e soldados israelenses. Tais atos já resultaram em um número de mortes e em ferimentos perigosos”.

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Nesta quarta, o “Judiciário da terra de Israel” fez um pedido ao promotor-chefe do governo, Yehuda Weinstein, para investigar a suposta incitação publicada no artigo.

O texto também causou reações em círculos políticos, e Orit Strock, membro do Knesset (parlamento israelense), do partido Lar Judeu, disse que foi uma “incitação perigosa a atos violentos contra civis e um encorajamento para agredir soldados”. Ela também expressou surpresa por um jornal israelense publicar um artigo em que, de acordo com ela, promove-se derramamento de sangue e violência.

Na mesma linha, o membro do Knesset do partido Likud Moshe Feiglin fez uma declaração em que dizia que as palavras da jornalista Amira Hass são “condenáveis e consideradas uma expressão de deslealdade ao Estado [de Israel]”.

Ele também disse que o artigo da jornalista “elogia aqueles que não reconhecem que o Estado entre o mar e o rio pertence ao povo judeu apenas”. As declarações sionistas e de total desconsideração pelo direito legítimo do povo palestino ao seu Estado é recorrente e agudiza constantemente as tensões entre ambas as partes, por mostrar sobretudo a falta de compromisso óbvio do governo israelense com a solução do conflito baseada na fórmula de “dois Estados para dois povos”.

A jornalista judia Amira Hass é conhecida internacionalmente pelas críticas que faz a ambas as partes no conflito, mas principalmente por denunciar de forma coerente, justificada e baseada em documentos irrefutáveis a política de violência direta e opressão sistemática do governo israelense contra o povo palestino.

Amira tem vivido na Faixa de Gaza e na Cisjordânia há quase duas décadas e ganhou vários prêmios pelo seu trabalho, classificando de desumano e insustentável a estrutura israelense que "concede privilégios apenas aos judeus, às custas dos palestinos".

Com Middle East Monitor,
da redação do Vermelho