Olívia Santana: “A gente quer que os homens dividam o Poder”

A presença feminina nos espaços de poder ainda é tímida, apesar do que as mulheres têm conquistado, nos últimos tempos. Essa foi a conclusão do debate sobre “Mulheres no Espaço de Poder”, promovido pelo Comitê Pró-Equidade de Gênero da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (SETRE-BA), que aconteceu na manhã desta quinta-feira (11/4), no auditório da Procuradoria Geral do Estado (PGE), em Salvador.

Na condução do debate, estavam a chefe de gabinete da SETRE e ex-vereadora de Salvador, Olívia Santana; a deputada estadual do PCdoB, Kelly Magalhães; a assessora da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres (SPM), Carla Gisele; e a coordenadora do Comitê Pró-Equidade de Gênero, Iracilda Santos.

As quatro convidadas defenderam a necessidade de rediscutir o papel da mulher e de pressionar para que a participação feminina nos espaços em questão seja equiparada à masculina. Sobre isso, Olívia Santana foi enfática: “Não é possível sustentar essa estrutura, temos que mexer nas zonas de conforto. A gente quer que os homens dividam o Poder”.

Na avaliação de Kelly Magalhães, a eleição de uma presidenta da República não foi capaz de mudar este quadro, que ela considera ainda patriarcal. Apesar de a legislação eleitoral determinar que 30% das chapas possuam candidatas femininas, o número de mulheres eleitas ainda é pífio, de acordo com Olívia.

Para a ex-vereadora, é preciso encontrar mecanismos que permitam a ampliação da quantidade de mulheres eleitas. “Precisamos discutir o financiamento público porque empresário não financia campanha de mulher”, defendeu Olívia Santana.

Políticas para as mulheres

A necessidade de criação de secretarias voltadas especificamente para a promoção de políticas para a mulher também foi um ponto destacado no debate. Segundo a assessora da SPM, as secretarias são poucas nos municípios baianos e para a pasta estadual não são destinados atenção e recursos como deveria.

“Ainda é pequena a destinação de políticas para as mulheres em nosso Estado. E isso não é algo apenas do nosso Estado. Isso não é apenas algo do governo Wagner. As secretarias são necessárias porque elas reconhecem as demandas das mulheres e promovem a redistribuição dos recursos”, explica Carla Gisele.

Sobre isso, Olívia acrescentou: “Precisamos colocar o dedo na ferida, tencionar, para que o orçamento voltado para as políticas das mulheres seja maior. Não é possível que as pastas sejam consideradas inferiores às da Fazenda, por exemplo”.

Mulher x Raça

A chefe de gabinete da SETRE provocou também uma discussão sobre a diferença existente entre as mulheres brancas e negras, questão que ela considera de grande relevância quando se pretende debater o assunto. “É preciso discutir também a questão da mulher na dimensão mulher x mulher. Há uma ideia de que é só a mulher branca, frágil, que precisa de proteção”.

O debate sobre “Mulheres no Espaço de Poder” encerrou as atividades do Março Mulher, uma iniciativa do Governo do Estado que conta com uma programação que marca o dia Internacional da Mulher para além do 8 de março.

De Salvador,
Erikson Walla