Senado devolve mandato do senador comunista Luiz Carlos Prestes 

O Senado aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (16), o projeto de autoria do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) que declara nula a Resolução da Mesa do Senado Federal que extinguiu o mandato do senador Luiz Carlos Prestes (foto) e do seu suplente, Abel Chermont, adotada em 9 de janeiro de 1948. O Senado fará um ato para fazer a entrega simbólica do mandato aos familiares de Prestes e seu suplente.

A proposta recebeu parecer favorável do relator, senador Antonio Carlos Valadares, e foi aclamada pelos líderes de todos os partidos presentes na Casa, que se revezaram em apartes exaltando a figura e a luta do senador comunista que integrou a Assembleia Constituinte de 1946.

“Estamos realizando um reparo histórico de uma injustiça, de um ato arbitrário perpetrado contra a democracia no passado. Estamos tirando uma mácula desta Casa”, afirmou o senador Inácio Arruda, que leu carta da viúva de Prestes, dona Maria, agradecendo aos senadores pela decisão tomada.

“O Senado Federal, ao anular a cassação de Prestes, realiza um ato de justiça histórica. O Cavaleiro da Esperança não foi cassado por ser corrupto ou por ter realizado ações contra os interesses públicos nacionais. Ele foi arrancado do Senado Federal por sua ideologia, sua luta pelo socialismo que tinha como bandeira a entrega dos meios de produção aos trabalhadores e as terras para quem nela trabalha. Neste momento, não posso deixar de lembrar os nomes de alguns deputados cassados naquele ano: João Amazonas, Jorge Amado, Carlos Marighella, Gregório Bezerra, entre tantos outros. Será que não chegou a hora de anular todas as cassações dos comunistas em 1947? Inclusive, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais de todo o Brasil?”, escreveu dona Maria Prestes (foto).

Leia a íntegra da Carta de Maria Prestes aos senadores:

Excelentíssimos Senhores Senadores da República do Brasil,

Na qualidade de viúva Luiz Carlos Prestes, agradeço pela anulação da cassação do seu mandato de Senador. Ato arbitrário realizado em 1947, ocorrido há 66 anos!

Os comunistas revolucionários não precisam do parlamento para lutar. Por isso, o ex-senador pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), eleito em 1946, não interrompeu suas atividades fora desta casa. Atravessou altivo um longo período de clandestinidade, entre os anos 1947/1959; realizou ações políticas junto ao governo João Goulart, entre os anos de 1960/1964; organizou a Frente Ampla Antifascista contra a ditadura, nos anos de 1964/1979; e liderou projetos políticos pela democracia, entre os anos de 1980 até sua morte, dia 7 de março de 1990.

O Senado Federal ao anular a cassação de Prestes, realiza um ato de justiça histórica. O Cavaleiro da Esperança não foi cassado por ser corrupto ou por ter realizado ações contra os interesses públicos nacionais. Ele foi arrancado do Senado Federal por sua ideologia, sua luta pelo socialismo que tinha como bandeira a entrega dos meios de produção aos trabalhadores e as terras para quem nela trabalha.

Neste momento, não posso deixar de lembrar os nomes de alguns deputados cassados naquele ano: João Amazonas, Jorge Amado, Carlos Marighella, Gregório Bezerra, entre tantos outros. Será que não chegou a hora de anular todas as cassações dos comunistas em 1947? Inclusive, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais de todo o Brasil?

Por tanto, entendo que a volta simbólica de Luiz Carlos Prestes ao Senado Federal pode abrir uma porta para resgatar centenas de brasileiros do esquecimento. Valorizar homens e mulheres que lutaram pela democracia e pela revolução socialista.

Rio de Janeiro, 10 de abril de 2013

Maria Prestes
Viúva de Luiz Carlos Prestes

Da Redação em Brasília
Com informações da Ass. Sen. Inácio Arruda