Paraguai vai às urnas em dúvida se volta logo à Unasul

Continuaremos avaliando a situação do Paraguai depois das eleições deste domingo (21), porque sua realização não implica automaticamente o regresso desse país à Unasul, disse o peruano Salomón Lerner, chefe do Grupo de Alto Nível do bloco

Em entrevista à agência Prensa Latina, na véspera das eleições gerais paraguaias que transcorrem neste domingo, Lerner disse que o assunto tem outras arestas porque a missão de acompanhamento que ele preside deverá avaliar o processo posterior de transferência do poder com novos atores e sua conotação política.

Lerner foi claro ao sublinhar que virão novos atores políticos, em alusão às tomadas de posse do Congresso e do presidente eleitos, marcadas para julho e agosto próximos, respectivamente.

Isto quer dizer que o Paraguai não será reintegrado automaticamente à Unasul e ao Mercosul depois das eleições do domingo e o novo cenário de poder na nação guarani deverá ser avaliado nos informes da missão de acompanhamento.

O representante da Unasul reconheceu que um primeiro passo é um desenvolvimento satisfatório das eleições deste domingo, aceito por todos, para depois entrar no processo de transferência do poder e na solução ao problema criado pela rejeição por parte do Congresso do Tratado com a Unasul e a negativa ao ingresso da Venezuela no Mercosul.

Já estamos conversando com os futuros atores políticos do Paraguai pois sabemos seu interesse em regressar a instituições importantes para eles, como são a Unasul e o Mercosul, embora a decisão final será tomada pelos chanceleres e chefes de Estado e de governo dos países membros, afirmou.

Lerner expressou que, terminadas as eleições deste domingo será feito um informe apenas do aspecto eleitoral e a partir da segunda-feira se iniciará a nova etapa de acompanhamento com uma atitude aberta a todas as propostas que, sobretudo, levem a melhorar a relação com os novos governantes.

O trabalho da missão de acompanhamento inclui o que é definido como uma apreciação sobre o sistema eleitoral paraguaio na qual se toma nota das preocupações com o desenho de tipo bipartidário tradicional e se verificarão propostas para submeter esse sistema a reformas importantes.

Não houve as mudanças necessárias que deveriam ter sido realizadas, tanto no Tribunal Eleitoral como na distribuição e funcionamento das mesas de votação e no futuro serão feitas recomendações para essas reformas estruturais, acrescentou.

Foram observadas queixas relacionadas aos grandes financiamentos aos partidos tradicionais sem acesso para outros e sobre a falta de possibilidades de participação eleitoral para os paraguaios residentes no exterior.

O chefe da missão da Unasul referiu-se também à negativa do governo de Federico Franco a convidar formalmente a missão de acompanhamento do bloco e outorgar-lhe a correspondente imunidade diplomática.

Temos a imunidade outorgada pela população paraguaia, pelos diferentes grupos políticos e essa é a melhor imunidade que podemos receber, o povo é muito receptivo, nos receberam muito bem e por isso nos sentimos à vontade no país, concluiu.

Prensa Latina