Estado de greve: Jornais retomam negociações salariais

Era para ser uma paralisação de apenas uma hora, a primeira do calendário de estado de greve dos jornalistas do O Povo. Mas a negativa da presidente do jornal, Luciana Dummar, em receber os funcionários para dialogar sobre reajuste salarial acirrou os ânimos. Indignados, eles deliberaram por continuar de braços cruzados na porta da empresa até uma comissão do Sindjorce ser recebida.

Imediatamente, o presidente do sindicato patronal, Mauro Sales, foi acionado para receber o grupo, formado por diretores da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do sindicato e profissionais da base. Após três horas de paralisação, os patrões anunciaram 7% de reajuste para pisos, 6,5% para salários e uma nova reunião para o dia 2 de maio, em hora e local ainda a serem definidos.

Em assembleia realizada na porta da empresa, logo após o anúncio da proposta feita pelo Sindjornais, os jornalistas rejeitaram o percentual por unanimidade. "Como todas as nossas reivindicações foram negadas, a base entendeu que para fechar o acordo salarial as empresas terão de calibrar o índice de ganho real (acima da inflação), pois o percentual de 7% não atende às necessidades da categoria", afirmou a presidente do Sindjorce, Samira de Castro. Grávida de oito meses, ela comandou a paralisação do jornal mais antigo do Ceará.

Os jornalistas começaram a se retirar da redação às 16h30, após convocatória da diretoria do Sindjorce, só normalizando o trabalho por volta das 20 horas. O sindicato apurou que O Povo destacou profissionais de outros veículos para diagramarem o jornal e que integrantes da própria Chefia da Redação desceram as páginas no primeiro dia de paralisação dos colegas.

Diretor do Sintigrace alerta para riscos

Após o anúncio da nova proposta feita pelo sindicato patronal, o diretor do Sindicato dos Gráficos (Sintigrace), Juarez Alves, alertou para os riscos que correm os jornalistas ao receberem proposta "de boca" do Sindjornais. Segundo ele, como não foi lavrada ata oficializando a proposta apresentada por Mauro Sales, os jornalistas devem ficar atentos para que o presidente do sindicato patronal não volte atrás. "Eles já fizeram isso com os gráficos e temo pelos jornalistas também", alertou Juarez, demitido pelo jornal O Povo em 2007, após liderar uma greve conjunta de jornalistas e gráficos.

A preocupação do dirigente dos gráficos se materializou no dia seguinte à manifestação, quando Mauro Sales formalizou a proposta patronal: 7% de aumento para pisos e 6,39% para demais salários. "O percentual oferecido por Mauro Sales durante a paralisação foi de 6,5% para salários acima do piso. Como é que no comunicado ao Sindjorce a proposta caiu para 6,39%? Precisamos, no mínimo, de confiança entre as partes para retomar as negociações", alerta Rafael Mesquita, diretor de Juventude do Sindjorce.

A segunda atividade do calendário de estado de greve dos jornalistas do O Povo será a realização de uma blitz de sindicalização nas dependências da empresa, no dia 2 de maio, data da retomada das negociações salariais entre patrões e empregados.

Fonte: Sindjorce