Governo e grupo insurgente tailandês mantêm conversações de paz

O governo da Tailândia rechaçou as cinco demandas do principal grupo insurgente no sul do país, Barisan Revolusi Nasional (BRN), ou Frente Nacional Revolucionária, embora tenha deixado abertas as portas para continuar o processo de conversações em curso em junho, informou um porta-voz autorizado nesta terça-feira (30).

Governo e BRN tailandês - The Nation

Paradorn Pattanatabut, secretário-geral do Conselho Nacional de Segurança, declarou aos meios de comunicação que as autoridades consideraram inaceitáveis as condições apresentadas pela BRN, representada por Hasan Taib, ao cabo de sete horas de conversações.

O grupo rebelde reivindicou, em primeiro lugar, que o governo da Tailândia envie apenas representantes designados às negociações, exigindo que se reconheça a identidade, raça e língua do povo malaio, habitante do sul da Tailândia, com raízes malaias.

A BRN expôs em seu canal digital no Youtube como principal requisito para avançar no processo de negociação que se eleve a participação da Malásia ao nível de mediador, ao invés de seu atual papel de facilitador, embora o país vizinho insista em manter-se neste nível, esclareceu Paradorm, que criticou ainda o restante das exigências de seus interlocutores.

Entre estas está a de que a BRN seja a única contraparte a ser reconhecida como um movimento libertador e não separatista, além da Organização de Cooperação Islâmica ou outras não-governamentais participarem na qualidade de observadores das seguintes rodadas de conversação.

Outros requisitos expostos consistem na retirada de tropas do exército tailandês da região em conflito e a revogação do estado de emergência para estabelecer forças de paz locais capazes de assumir as tarefas de segurança.

Também foram pedidas anistias para os grupos insurgentes na zona de Pattani, Narathiwat e Yala, ao sul do país, cenários de frequentes atentados com armas leves e explosões que deixam vítimas, e onde o governo da Tailândia mantém cerca de 40.000 efetivos.

A escalada da violência a partir de 2004 (embora tensões alegadamente étnicas e religiosas já existissem antes disso, na região malaia ao sul da Tailândia) foi declarada como o motivo para que o então primeiro-ministro Thaksin Shinawatra assumisse poderes amplos “de emergência”.

Além disso, em 2006 também o comandante do exército, Sonthi Boonyaratkalin, recebeu poderes executivos extraordinários.

Thaksin dissolveu o parlamento e convocou novas eleições, quando a oposição pediu ao rei Bhumibol para que nomeasse um novo primeiro-ministro. O rei ressaltou o caráter antidemocrático do pedido e classificou a situação política de “uma bagunça”, em um discurso em 2006.

No mesmo ano, ainda, uma junta realizou um golpe contra o primeiro-ministro, e o conflito intensificou-se. A junta governou o país por mais de um ano, mudando a Constituição e promovendo julgamentos.

Nas eleições de 2007, o Partido do Poder Popular ganhou o maior número de assentos, mas em 2008 acusações de fraude fizeram com que o partido fosse dissolvido pela Corte Constitucional, e os parlamentares tiveram de se reorganizar em outros partidos.

De 2004 a 2012, segundo estimativas, cerca de 3.400 pessoas morreram como consequência do conflito, dentre as quais, 2.300 civis e sete monges budistas.

Com agências,
da redação do Vermelho