Luciano Wexell Severo: golpismo na Venezuela

A oposição golpista da Venezuela, derrotada nas eleições do dia 14 de abril, está armando mais uma. Controlam os principais meios de comunicação do país (rádios, TVs e jornais) e contam com o respaldo da grande mídia mundial. Assim como em 2002, o lixo da sociedade venezuelana se articula para gerar conflitos que culminem em uma intervenção estrangeira.

Por Luciano Wexell Severo

Comício Chávez

Mesmo antes das eleições, muitos analistas avaliaram que o candidato Henrique Capriles, o governo dos Estados Unidos e uma parcela da oposição venezuelana não reconheceriam os resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). É uma postura golpista e irresponsável, que lhes pode custar muito caro. Até o ex-presidente americano Jimmy Carter afirmou que o sistema eleitoral venezuelano é o mais seguro, ágil e transparente do mundo.

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Ao chegar às mesas de votação, os eleitores são identificados pelas impressões digitais. No momento do voto, as urnas eletrônicas imprimem um comprovante, que é conferido pelo eleitor e depositado em uma urna tradicional. Todo o processo dura menos de 30 segundos. No final do dia de votação, é feita uma auditoria em 54% das urnas, comparando os votos eletrônicos com os comprovantes que foram impressos. O sistema é blindado e fiel à vontade popular.

O teatro de Capriles faz parte de um plano orquestrado desde Washington e bem articulado pela Embaixada americana em Caracas. Capriles é um jovem playboy, promovido pela grande mídia venezuelana e mundial. A propaganda e o marketing tem seu peso, inclusive na Venezuela depois de 14 anos de Revolução Bolivariana.

A grande vitória de Nicolás Maduro pode ser entendida com uma metáfora futebolística. Imaginemos que uma seleção jogue a final de uma Copa do Mundo sem goleiro e ainda assim consiga vencer o jogo e sagrar-se campeã. Foi isso que ocorreu na Venezuela. As forças nacionalistas, progressistas, socialistas, integracionistas e anti-imperialistas, que estão no poder desde 1999, ganharam de novo.

Gostemos ou não, queiramos ou não, a Revolução Venezuelana girava muito em torno de Hugo Chávez. E daí a grande dificuldade de disputar uma eleição e vencer sem o grande líder, sem o pensador, o motor. O importante foi Maduro vencer e poder dar continuidade ao processo de transformação pelo menos até 2019.

A Venezuela seguirá irradiando esperanças, exemplo e desenhando um caminho para a América Latina e o mundo. A Venezuela seguirá demonstrando que é possível enfrentar de forma soberana os grandes monopólios, os grandes grupos financeiros, as transnacionais, o FMI e o Consenso de Washington.

A Venezuela demonstra que é possível continuar sonhando com um país independente, soberano e livre. Para isso, Maduro propôs retificar e corrigir erros, aprofundando medidas que deem mais poder ao povo.

*Luciano Wexell Severo é professor de Economia, Integração e Desenvolvimento na Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Brasil. Doutorando em Economia Política Internacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Autor do livro “Economía venezolana 1899-2008, La lucha por el petróleo y la emancipación”, publicado pelo Ministério de Cultura da Venezuela.