Do lixo à música: a trajetória da jovem orquestra de Cateura

Um documentário em fase de produção retrata a história da improvável orquestra com instrumentos feitos de material reciclado. O cenário é uma favela construída sobre um aterro sanitário em Cateura, na periferia de Assunção, no Paraguai. O trabalho de um cantoneiro e um músico local resgata jovens do “inferno”, como eles mesmos definem o local, e preenche os vazios da existência com Mozart, Beethoven , Frank Sinatra e The Beatles.

“O mundo nos manda lixo. Nós mandamos música na volta”

Com vasilhas de óleo, fazem violinos e violoncelos; com tubos de água e colheres, flautas e de caixas de embalagens, guitarras. Em um lugar em que violinos custam mais que as próprias casas, tirar música do lixo é uma estratégia de resgate de uma juventude fadada à invisibilidade.

“Quando escuto o som de um violino sinto como borboletas no estômago”.

Tudo começou com um catador: Nicolás Gómez (conhecido popularmente como “Cola”) que em suas catanças encontrou, no lixo, um objeto que parecia com um violono e o levou ao músico da comunidade, Favio Chávez. Com outros objetos igualmente encontrados no lixo, Chávez construiu um violino. Com a mesma técnica, construiu um violoncelo, uma flauta, um tambor e, à medida que criava outros instrumentos, lhe ocorreu a ideia de fazer uma orquestra infantil em uma das zonas mais subdesenvolvidas do mundo.

Favio Chavez é o diretor e fundador da orquestra

Encantados com o projeto, um grupo de cineastas, artistas e fotógrafos estão desenvolvendo, desde 2010, um documentário relatando a história desta orquestra. Com o título Landfill Harmonic (Aterro Harmônico), o grupo trabalha com um projeto de financiamento colaborativo em que, através da internet, qualquer pessoa do mundo pode contribuir para a arrecadação da quantia necessária para a realização do projeto.

Instrumentos fabricados para a orquestra

Veja o trailer do documentário em fase de produção:

Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva