Trabalhadores da Saúde de SP em greve fazem assembleia na sexta

Na manhã desta terça, cerca de 700 médicos e funcionários do hospital fizeram uma passeata ao redor do prédio para marcar o início da mobilização. A categoria reivindica 32,2% de reposição das perdas salariais, entre 2008 e 2012, vale refeição de R$ 26,22 e prêmio de incentivo igual para todos e transparência no uso da verba Fundes. Além disso, agaurdam desde 1997 a mudança na jornada de trabalho dos 34 mil trabalhadores do setor administrativo, que deveriam trabalhar 30 horas semanais. No entanto, continuam cumprindo 40 horas semanais, segundo o SindSaúde.

Na segunda (6), foi realizada uma paralisação de alerta, com cerca de 500 trabalhadores dos 5.300 funcionários do hospital, se reuniram em assembleia, onde foi decididada a adesão à greve da categoria.

"Decidimos esperar alguns dias a mais para deflagrar a greve para sentir o nível de adesão dos trabalhadores. Na paralisação de advertência feita ontem (segunda) fizemos uma assembleia com 500 trabalhadores e decidimos paralisar a partir desta terça, que mobilizou 700. A tendência é que o movimento amplie", explicou o delegado sindical de base Ivan Lima de Santana, técnico de farmácia do Hospital do Servidor. 

Com formação de enfermeiro, Ivan lembrou que, além das reivindicações de reajuste e ganho real, os funcionários do Servidor Público também aproveitam a ocasião para denunciar o assédio moral que ocorre no local.

"Cerca de três mil são enfermeiros e muitos têm acumulado hora-extra para dar conta do serviço. Por conta disso há muita falta por problemas de saúde. E essas ausências estão sendo punidas com suspensões e até demissões sob a alegação de que se trataria de absenteísmo (falta), o que não é verdade", explicou Ivan.

Os trabalhadores garantem que vão cumprir com a lei, mantendo os serviços básicos de atendimento do setor de urgência e emergências e 50% das cirurgias. No entanto, setores como farmácia, laboratório,ambulatório e 50% da capacidade do centro cirúrgico não estarão funcionando. As cirurgias eletivas serão remarcadas.

"Vamos aproveitar a paralisação para conscientizar os trabalhadores a partir da exibição de filmes e atividades culturais nas imediações do hospital", completou o delegado sindical.

Privatização

Administrado pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe), o Hospital do Servidor tem mobilizado trabalhadores e pacientes por conta da ameaça de privatização do local, sugerida em uma reunião no dia 18 de dezembro de 2012 do Conselho Gestor do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas (CGPPP)”, onde o presidente, o vice-governador Guilherme Afif Domingos, cita a Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada (MIP) por parte da empresa Kitmed Distribuidora Sociedade Empresarial Ltda-Logimet, que solicitou autorização “para desenvolver estudos necessários para a viabilização de concessão administrativa, no prazo de 30 (trinta) anos, no intuito de promover e incrementar a operação do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo ‘Francisco Morato de Oliveira’-HSPE”. Todo o conteúdo foi publicado no Diário Oficial, em 9 de fevereiro, sábado de Carnaval deste ano.

Depois de uma forte mobilização de servidores e pacientes, inclusive com audiência pública na Assembleia Legislativa, o governo do estado negou duas vezes que pretende privatizar o HSPE. O Vermelho procurou a secretaria estadual de Saúde para saber qual o posicionamento do órgão sobre as reivindicações dos trabalhadores e a paralisação do setor. Mas, até o fechamento desta não houve retorno.

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho