Trabalhadores em São Paulo aprovam greve para dia 28

Os trabalhadores da Sabesp, metrô e trens, que promovem campanha salarial unificada, devem deflagrar greve a partir de terça-feira (28). Na quarta (22) à noite, os nove mil metroviários aprovaram por unanimidade o estado de greve. Nesta quinta (23), às 19h, os ferroviários realizam assembleia na Estação da Luz para votar indicativo de greve.O objetivo é pressionar às empresas ligadas ao governo do PSDB paulista, que vêm praticando uma política de arrocho salarial e sucateamento dos serviços.

Os metroviários reivindicam reposição salarial de 7,30%, aumento real de 14,16%, reajuste de 24,3% no vale-refeição, aumento do vale-alimentação para R$ 382,71, equiparação salarial (trabalho igual, salário igual), Participação nos Resultados (PR) igualitária sem imposição de metas, fim da terceirização e reintegração de demitidos e plano de carreira efetivo.

“Não houve abstenções na assembleia. O pessoal ficou revoltado com a proposta do governo e decretou estado de greve, apontando greve para o dia 28. Uma nova assembleia deve ocorrer na segunda (27). O Metrô além de não conceder reajuste quer retroceder em algumas conquistas já asseguradas”, explicou o delegado sindical dos metroviários Flávio Godoi, referindo-se à assembleia de quarta.

A próxima assembleia, marcada para segunda (27), às 18h30, na sede do sindicato, deverá aprovar o calendário da mobilização da categoria. Nessa mesma data, também deverá ser distribuída à população uma carta aberta que explica a situação dos trabalhadores.

A partir desta quinta, os metroviários já estão usando coletes da campanha salarial com mensagens de esclarecimento aos usuários sobre o posicionamento contrário da categoria sobre o aumento da tarifa, por exemplo. Segundo o governo do estado, a partir do dia 2 de junho o preço da passagem de trens e Metrô passará a ser de R$ 3,20. A prefeitura também confirmou o reajuste para os ônibus.

Em nota, a Companhia do Metropolitano disse que está “empenhando todos os esforços para chegar a um acordo com o Sindicato dos Metroviários”. As negociações, no entanto, mesmo após seis rodadas, não tiveram avanços. Segundo os trabalhadores, até mesmo o convênio para a compra de medicamentos foi cancelado. O mesmo, de acordo com a empresa, teve seu prazo encerrado e precisará de nova licitação.

Sintaema

Como os metroviários, os trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo – da Cetesb e Sabesp, representados pelo Sintaema, filiado à Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) – têm data-base em 1º de maio. Eles reivindicam reajuste de 6,68% (ICV Dieese) sobre os salários e benefícios e 1,7% de aumento real (de acordo com balanço de produtividade da empresa), entre outros pontos.

“Uma das nossas reivindicações emblemáticas é o fim dos salários regionais e a planificação dos pisos por função. Por conta desse critério por região a diferença chega até a 20%, se comparado aos salários da capital. Além disso também queremos de volta nosso Adicional por Tempo de Serviço, uma conquista que nos foi tirada”, explicou Renê Vicente dos Santos, presidente do Sintaema, que possui cerca de 15 mil trabalhadores na base.

Na reunião de 14 de maio, a Sabesp, empresa de economia mista, de capital aberto, ofereceu um reajuste salarial de 5,37%, com base no IPC-Fipe, cesta básica de R$ 182,08 e vale-refeição de R$ 23,19. A gratificação de férias passaria ao valor de R$ 1.312,18, mais 40% do valor do salário, e o auxílio-creche seria de R$ 241,12.

A categoria também tem uma nova assembleia na segunda (27) para definir os rumos do movimento.

Ferroviários

Os cerca de dois mil Sindicato dos Ferroviários de Trens de Passageiros da Sorocabana (Sinferp) fazem assembleia às 19 horas desta quinta para votar indicativo de greve para o dia 28. Os ferroviários da Central do Brasil, em São Paulo, também devem aderir ao movimento grevista, caso não haja negociação. Também há previsão de realizarem nova assembleia na segunda.

Além de reajuste salarial e ganho real, a categoria, com data-base em 1º de março, vive uma situação de boicote por parte da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). De acordo com o Sinferp, a CPTM afirma não reconhecer a entidade sindical, que aguarda carta sindical do Ministério do Trabalho. No entanto, há uma diretoria eleita em assembleia, desde 2010, para cumprir mandato de quatro anos.

“Temos um sindicato dos ferroviários das linhas 8 e 9 que existe há muitos anos. No entanto, como é um sindicato que mistura trens de carga e de passageiros, após acordo interno com a categoria, decidimos criar uma nova entidade somente de ferroviários que trabalham em trens de passageiros. Tudo isso para culminar na unificação dos sindicatos. Se tivermos uma entidade única teremos mais representatividade e mais força. No entanto, a CPTM afirma que só reconhece o antigo sindicato e, portanto, não senta para negociar com a gente”, explicou o dirigente Evângelo Lucas. Atuamente, a categoria em São Paulo possui três sindicatos.

Evângelo contou, ainda, que ele e outros três diretores foram demitidos pela empresa neste ano. São eles: Everson Paulo dos Santos Craveiro, atual presidente do sindicato, Alessandro Viana, diretor social, e na quarta-feira (22), foi demitido Domingos Lo Monaco.

As linhas 8 e 9 do sistema ferroviário de São Paulo são, respectivamente, Júlio Prestes-Itapevi
e Osasco-Grajaú.

A CPTM enviou nota ao Vermelho afirmando estar "empenhada para que as negociações salariais e de benefícios junto às categorias profissionais representantes dos seus trabalhadores cheguem a um bom termo". Mas, não detalhou sua proposta aos trabalhadores.

Os ferroviários reivindicam reposição da inflação mais 5% de ganho real, entre outros pontos, como a manutenção do auxílio alimentação. De acordo com o sindicato, a empresa vai cortar a cesta básica em 2014. A categoria exige vale-alimentação de R$ 145,43 desde já e reajuste para R$ 218 em 2014. Ainda de acordo com os ferroviários, a CPTM propõe reajuste de 5.91%, 1% de aumento real, cartão alimentação de R$ 100 em substituição à Cesta Básica, a partir de 2014, entre outros pontos.

Os eletricitários de São Paulo também estão com campanha salarial unificada com metroviários e trabalhadores da Sabesp e Cetesb. No entanto, o sindicato da categoria explica que para cada empresa do setor há uma pauta de reivindicação diferente. Em média, eles reivindicam a reposição das perdas mais 5% de aumento real.

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho

(matéria atualizada às 15h13 em 23/5/13)