EUA: Acadêmicos trabalham pela retomada da "hegemonia" mundial
Vali Nasr nasceu no Irã e é um acadêmico radicado nos EUA, que trabalhou próximo à ex-secretária de Estado Hillary Clinton, em assuntos relacionados ao Afeganistão e ao Paquistão. No seu novo livro “A Nação Dispensável” (The Dispensable Nation, ainda sem tradução no Brasil), Nasr fala dos bastidores do trabalho de Hillary e de seu aliado, o embaixador Richard Holbrooke, cujos esforços para conduzir uma política ambiciosa no Oriente Médio e no Sul da Ásia fracassaram.
Publicado 09/05/2013 12:06
Quatro anos de liderança presidencial e bilhões de dólares gastos pelos EUA falharam em avançar em direção às “ambições por democracia e desenvolvimento", segundo Nasr, "o que produziu descontentamento e raiva contra os EUA pela sua indiferença" (com relação às reais necessidades locais, para focar em pretensões militaristas e financeiras).
Depois de assumir o governo em 2009, a administração Obama teve a oportunidade de reformar fundamentalmente a política externa dos EUA, mas o receio por conflitos políticos e o espectro da “luta contra o terrorismo” levou-a às mesmas estratégias questionáveis do seu predecessor, segundo Nasr.
Enquanto isso, as “ameaças econômicas”, diz o autor, contra a hegemonia estadunidense (China e Rússia), expandiram-se consideravelmente em influência, em lugares onde os EUA tinham considerável presença.
Nasr afirma que por trás das decisões falhas específicas estava um desejo, pela Casa Branca, de afastar-se dos “problemas complexos” do mundo islâmico.
O autor, incorporado à tradição acadêmica vigorante nos EUA, elabora propostas gerais sobre a manutenção e expansão da hegemonia estadunidense sobre o mundo, argumentando que “virar as costas” pode ser “perigoso”.
Propagando a retórica norte-americana sobre a influência “salvadora” dos EUA, Nasr diz que o país “assegurou a estabilidade, promoveu a prosperidade e construiu a democracia em região após região desde a Segunda Guerra Mundial” (esquecendo-se do papel predominantemente belicoso, imperialista e devastador dos EUA), e que seu livro oferece uma visão “encorajadora do que o país pode alcançar quando retomar sua ambiciosa liderança no mundo”.
Vali Nasr é o reitor da Faculdade Johns Hopkins de Estudos Internacionais Avançados e associado ao Instituto Brookings, um “think-tank” estadunidense com trabalhos focados na “retomada da indispensável hegemonia” dos EUA sobre o mundo.
Os livros anteriores de Nasr estiveram nas listas de mais vendidos, e ele serviu como consultor para o embaixador Richard Holbrooke, além de ser colunista do jornal econômico Bloomberg View e residir na capital estadunidense de Washington.
Com informações de Brookings Institution,
da redação do Vermelho