Nakba palestina: 9 mil foram presos em campos israelenses

O Ministério dos assuntos dos prisioneiros anunciou nesta quarta-feira (15) que 9.000 prisioneiros árabe-palestinos foram detidos durante a Nakba, ou catástrofe, em árabe, em 1948, em cinco acampamentos israelenses. A Nakba é lembrada anualmente em 15 de maio, quando em 1948 quase um milhão de palestinos foram expulsos das suas terras e milhares foram mortos ou detidos, durante a criação do Estado de Israel.

Nakba Palestina - Wafa

Um relatório publicado pelo Ministério na ocasião do aniversário de 65 anos da Nakba escalareceu que o povo foi expulso das suas aldeias e cidades pelas gangues e grupos sionistas, que detiveram cerca de 9.000 prisioneiros em cinco acampamentos Israelenses, incluindo os campos Sarafand e Atlit, herdados do mandato britânico, enquanto a ocupação estabeleceu acampamentos temporários nas aldeias árabes de onde suas populações foram expulsas.

O relatório acrescentou que as “milícias terroristas que lideraram as batalhas de Israel em 1948 contra os palestinos não estavam pensando em construção de prisões e campos de concentração, e não queriam assumir qualquer compromisso formal e jurídico com os prisioneiros e seus direitos civis, de modo que o governo britânico considerou as organizações terroristas e fora da lei”. A Grã Bretanha exercia um mandato colonial sobre a Palestina desde a queda do Império Otomano, logo após a Primeira Guerra Mundial.

O relatório apontou que a maioria dos prisioneiros que foram detidos pelas milícias sionistas são da população civil, que foram arrancados e expulsos das suas aldeias, ou foram presos ao tentarem voltar para suas casas.

Durante a guerra, a prisão e detenção por parte dos israelenses não era prioridade, mas o processo de se livrar de prisioneiros a serem executados, que era a política principal na época,  revelou vários documentos de execuções em massa da população civil após a sua detenção.

O ministério disse em seu relatório que do grande número das populações deslocadas e errantes, fugindo dos massacres, as pessoas detidas levaram os líderes israelenses a construírem campos de concentração, já que o extermínio precisava ser endossado por oficiais de inteligência.

Os acampamentos temporários foram utilizados para classificar os detidos, e  foram realizadas rapidamente execuções sem julgamentos, além do processo de expulsões coletivas.

De acordo com as informações, os prisioneiros foram explorados em trabalhos forçados em favor do exército israelense e sua economia. O trabalho nesses campos era obrigatório, especialmente em alguns setores de indústria com benefícios para exército israelense.

O relatório apontou que a literatura sionista nesse período expressa a "vingança militar" para lidar com os prisioneiros. O livro “Amigo de Abu Hamam”, de Yossi Ghalet, faz parte da literatura infantil em Israel, e diz o seguinte: “Neste tempo não serão aliviados os prisioneiros … Matem todos … naquele dia não se importou com a prisão de prisioneiros, quem tentou escapar ou foi visto atirando ou carregando arma, atirei contra ele: foi baleado e morto”.

O escritor e poeta Haim Guri representa a geração da guerra de 1948, e descreve o "vírus" da tendência de comportamento brutal militar do exército durante a guerra, como apontado em seus livros, com atos de roubo, saques e assassinatos de prisioneiros de guerra, e os soldados chegaram a roubar o pertences dos prisioneiro depois de sua execução.

Fonte: Wafa