Palestina: Hamas diz poder negociar com Israel apesar da ocupação

O líder do escritório político do Hamas Khaled Meshaal disse que o partido estará aberto, em princípio, às negociações com Israel, “embora os fatos no terreno tornem tais conversações inúteis”. Meshaal deu uma entrevista à revista estadunidense Foreign Policy, publicada nesta quinta-feira (16), no contexto de uma reaproximação entre o Hamas (que governa a Faixa de Gaza) e o Fatah (que governa a Cisjordânia, pela Organização para a Libertação da Palestina), mediada pelo Egito.

Mohamed Abbas e Khaled Meshaal

Meshaal ressaltou como a condição mais importante para o sucesso das negociações com Israel o equilíbrio de poder, porque sem isso “nenhuma paz pode ser alcançada”, e que tentar lidar com um governo sionista (de ideal colonizador e racista) diplomaticamente sem ter vantagens significa que as negociações “seriam transformadas em imploração e mais imploração pelos direitos do nosso povo”.

Enquanto considerando a resistência armada como um elemento essencial, Meshaal confirmou que este não é um meio que representa o objetivo, e disse que a resistência popular tem outras opções através da diplomacia, a mídia e o direito internacional, para acusar Israel na arena legal por seus crimes.

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Durante a entrevista, que Meshaal concedeu à revista depois de ser reeleito para a liderança do Hamas, ele demonstrou apoio às medidas pacíficas tomadas pelo presidente palestino Mahmoud Abbas, ressaltando que a culpa pela falha em resolver a disputa com os israelenses não é dos palestinos. “Israel é o responsável. Israel ocupa terras (…), eles estão praticando o pior tipo de assassinato”, disse.

Meshaal também afirmou que os palestinos não são “assassinos fanáticos sedentos por sangue”, e que “não somos contra os israelenses porque têm uma fé diferente, ou porque são de uma raça diferente. Nosso problema com eles é o fato de que eles ocuparam a nossa terra”.

“Quando a ocupação acabar, trabalharemos de acordo com os nossos valores e a nossa ética. E esses valores são a democracia, a justiça, os direitos humanos, e o respeito por um mundo diverso”, ressaltou.

Sobre as tentativas do secretário de Estado dos EUA John Kerry de retomar um “processo de paz”, Meshaal considerou os esforços fadados a falhar porque Kerry “não tem um projeto sério em mente”.

Ele também disse rejeitar o apoio da Liga Árabe a uma proposta de “troca de terras” entre os palestinos e os sionistas que ocuparam territórios palestinos como parte do acordo, que faz referência às construções de grandes blocos residenciais, colônias judias, na Cisjordânia.

Com Al-Manar
da redação do Vermelho