Bolívia busca na industrialização alternativa ao tráfico de coca

Como forma de incentivar a produção legal da folha de coca, e inibir o tráfico de drogas, o governo boliviano, com pequenas empresas locais, tem buscado nos últimos meses meios para expandir o mercado legal da folha e fabricar produtos à base de coca para exportar.

Evo Morales - Reuters

Dionisio Nuñez, vice-ministro boliviano para essa área, diz que a inclusão de folhas de coca em novos produtos é parte fundamental de um plano do governo para coibir o tráfico. "Poderíamos usar mais folhas de coca em produtos industrializados que não causam danos e haveria menos coca para o tráfico de droga", argumenta.

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A coca é cultivada há milhares de anos nos Andes, onde tem usos religiosos, além de medicinais. Mas a folha também é processada e transformada em cocaína e crack, fato que tornou sua plantação alvo de operações dos EUA há décadas.

A industrialização financiada pelo governo segue lentamente. Uma fábrica na região de Chapare, que deverá produzir doces, licores e bolachas à base de coca, ainda não está funcionando. Uma segunda, em La Paz, deverá iniciar a produção este ano.

Na semana passada, 20 pequenos empresários reuniram-se para discutir os desafios de industrializar a folha. Alguns produzem mercadorias como chá em saquinhos e xaropes medicinais há décadas, ao passo que outros começaram recentemente a fabricar bebidas energéticas, bolachas e a pasta de dente, incentivados pelo governo. Muitos esperam que a iniciativa do presidente Evo Morales, um ex-plantador da folha de coca, leve seus produtos a mercados dos países vizinhos e até da Europa.

A Bolívia tem 10 milhões de habitantes. A exportação de produtos de coca é proibida pela Convenção das Nações Unidas de 1961 sobre narcóticos, salvo se os produtos contiverem menos de 1% de alcaloide. Nesse aspecto, existe outro desafio para a exportação: seria necessário fazer análise nutricional, estudos sobre alcaloides e digestão humana e uma avaliação da quantidade de alcaloide de cocaína nos produtos comerciais.

Com O Estado de S. Paulo