“Voto aos 16 não deve ser argumento para reduzir a idade penal” 

Como recuperar um jovem se ele é submetido a uma cultura de cadeia? Foi o que questionou Paulo Santiago, coordenador a Associação Novolhar, ao falar sobre a situação das instituições que deveriam resgatar os jovens com medidas socioeducativas, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ele também frisa que justificar redução da idade penal com a possibilidade do jovem poder votar aos 16 anos não é caminho.  

Joanne Mota e Toni C, da Rádio Vermelho em São Paulo 



Paulo Santiago trabalha com a atenção à criança e adolescente há 15 anos, sendo que destes 10 anos atuou com atividades na Fundação Casa de São Paulo. Questionado sobre o perfil das crianças e jovens que ele trabalhou, Paulo informou que todos são jovens de baixa renda e que nunca atendeu crianças ou jovens de classe média alta.

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Ao falar sobre a recuperação dos jovens que dão entrada na Fundação Casa de São Paulo, Paulo Santiago destaca ser um resultado muito difícil de ser alcançado. Segundo ele, “é mais o jovem aprender a cultura da cadeia lá dentro do que ser ressocializado. Ou seja, ele aprende muito mais o pior do que os caminhos para uma recuperação que o coloque em um novo caminho”.

Para ele, se “o Estado define que é para reduzir para 16 anos, se abrirá um caminho que sempre se recorra à redução para se combater a violência. O que está equivocado. A discussão não é essa, mas sim, questionar o porquê do jovem ou criança praticar o delito. É só olhar os números, os crimes chamados hediondos contabilizam menos de 1% em São Paulo”, acentua o coordenador. E completa: “Acho que um passo importante seria punir com mais rigor os adultos que aliciam crianças e adolescentes para o crime”.

Acompanhe a íntegra do especial na Rádio Vermelho: