Análise interna: Novo governo palestino realiza primeira reunião

O novo governo palestino, chefiado pelo primeiro-ministro Rami Hamdallah, prestou juramento na quinta-feira (6), e realiza a sua primeira reunião em Ramallah, centro administrativo na Cisjordânia, território palestino, nesta terça (11). O novo governo, convocado pelo presidente Mahmoud Abbas, substitui apenas parcialmente ao anterior, chefiado por Salam Fayyad, que pediu demissão do cargo de premiê recentemente.

O vice-primeiro-ministro para Assuntos Econômicos Muhammad Mustafa, que também está incumbido da posição de porta-voz do governo temporariamente, disse em uma coletiva de imprensa que a agenda do governo incluiu a discussão de questões financeiras, econômicas, políticas e sociais atuais e futuras.

Ele disse que cada ministro ficou com a tarefa de preparar um plano para o seu ministério para os próximos 100 dias, para que o governo possa apresentar seu próprio plano de 100 dias.
Mustafa também informou que foram nomeados os diversos comitês sobre assuntos políticos, econômicos, sociais e relacionados com Jerusalém (a cidade reivindicada como capital e de grande simbolismo cultural e histórico).

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No nível politico, Mustafa disse que o governo seguirá o programa do presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), o Executivo da Palestina, Mahmoud Abbas; “estamos comprometidos [com a agenda] e faremos o nosso melhor para apoiá-la e implementar o seu programa]”, afirmou.

O governo apoiará os prisioneiros e trabalhará pela sua libertação, segundo o porta-voz, que expressou preocupação também pelas políticas de assentamento e colonização israelense em territórios palestinos, particularmente em Jerusalém, e reforçou o pedido aos países árabes para apoiar os palestinos econômica e politicamente.

Além disso, de acordo com o porta-voz, o governo reafirma o apoio aos esforços de paz do secretário de Estado norte-americano John Kerry, “e desejamos a ele o sucesso nesses esforços”.
Mustafa disse que o novo governo é “transicional” até que um governo de reconciliação nacional seja formado. Entretanto, completou, “continuará a funcionar como se fosse seguir ativo permanentemente”.

Sobre a “crise financeira” que Mustafa disse que o governo sofre, com base em um relatório do ministro das Finanças Shukri Bishara, “o governo tem uma dívida de 4,2 bilhões de dólares”. Desse valor, 1,2 bilhão é devido aos bancos palestinos, 1 bilhão de dólares a instituições internacionais, 1 bilhão aos fundos de pensão e o remanescente 1 bilhão a companhias de empreiteiros, farmacêuticos e outros negócios palestinos.

Mustafa disse que 70% das receitas do governo vêm da ajuda internacional e dos fundos de impostos que Israel coleta pela Autoridade Palestina (como estabelecido pelos Acordos de Oslo, de 1993, situação deveria ter sido provisória até a criação do Estado da Palestina, cinco anos depois).

“Não temos qualquer controle sobre este dinheiro e por isso, até que isso mude, qualquer plano econômico continuará sendo insuficiente”, disse. “Precisamos de recursos financeiros urgentes, e precisamos monitorar nossos gastos, melhorar a coleta de impostos”, completou Mustafa.

A situação econômica na palestina é complicada pelo alto custo, pela diminuição do valor dos salários, pelos rendimentos limitados e uma alta taxa de desemprego, que varia extremamente entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, completamente bloqueada militarmente por Israel.

Com Wafa,
da redação do Vermelho